São Paulo, segunda-feira, 16 de outubro de 1995
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Palmeiras ainda deve uma grande exibição

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

As chuvas chegaram de imprevisto, inundando tudo e levando o jogo do Palmeiras para outro dia. O que, para o Palmeiras, parece ter sido um bom negócio. Afinal, o técnico Carlos Alberto terá mais chance de aprimorar esse time que, embora tenha um elenco de se tirar o chapéu, ainda não conseguiu neste Campeonato Brasileiro cumprir uma exibição à altura desse ilustre grupo de jogadores.
É bem verdade que, ainda no feriado, passou pelo Vasco, lá. Mas o Vasco, sei lá por que cargas d'água, que teve uma performance exuberante diante do Santos -lembram-se?-, naqueles 5 a 3 empolgantes, caiu na mais profunda depressão, e já soma sete cabalísticos jogos sem vitória. É muito para um time com as tradições e os jogadores do Vasco.
Por seu lado, o Palmeiras ganhou aquele jogo, jogando para o gasto. Cá entre nós, se eu fosse o Carlos Alberto, fixava Cafu na lateral direita, Flávio Conceição do outro lado, e montava o meio-campo com Mancuso, Amaral, Edílson e Rivaldo; na frente, Muller e Nílson. E deixa esse povo jogar junto, que logo eles adquirem conjunto e certamente partirão para dar o espetáculo tão esperado.

Guardadas as proporções, eis o mesmo problema do tricolor que, depois da brilhante vitória sobre o Boca, lá, na terça-feira, emendou duas derrotas no Brasileirão: na quinta, perdeu de 2 a 0 do Botafogo de Túlio, e, no sábado, levou uma biaba do Guarani: 4 a 2.
Não falo pelo Datafolha, mas sou capaz de apostar que o São Paulo é o time que mais alterou suas escalações ao longo deste Campeonato Brasileiro.
Já não possui um elenco do nível do Palmeiras, embora possa formar um time extremamente competitivo com o que dispõe no Morumbi, e, se não consegue fazer duas partidas seguidas com a mesma escalação, então...
Tanto isso é mais verdade que Zetti, responsável por pelo menos três dos quatro gols sofridos no sábado, diante do Guarani, depois do gol justificava-se, não sem boa dose de razão: ``Pô, a defesa muda tanto que, na hora do jogo, nem sei o nome dos zagueiros".
A verdade é que, no caso da defesa tricolor, pouco importa mesmo quem esteja formando a zaga, desde que Gilmar esteja ali na grande área. Quando não está, o desastre parece ser inevitável.

A propósito, já está na hora de Zagallo chamar esse moço para um compartimento do nosso time que anda carente de renovação.
Os jovens chamados até agora, como Argel, Narciso, Carlinhos etc., estão a quilômetros de distância de Gilmar, um zagueiro sóbrio, de raro senso de colocação, bom de cabeça, valente na disputa de bolas e que ainda por cima sabe sair jogando, tranfigurando-se, no caminho, em verdadeiro atacante.
Zagueiro de seleção, quando não se trata de um Domingos da Guia, que aos 20 anos já era Divino, leva tempo para ser forjado.
E só o é vestindo aquela camisa de ouro, que já cansou de derrubar muito craque anunciado, que ele haverá de ganhar o equilíbrio e a decisão necessárias.

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