São Paulo, segunda-feira, 16 de outubro de 1995 |
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Sttopard vende passagem à Índia "Indian Ink" NELSON DE SÁ
Mas ela é sobretudo um reflexo dos clássicos romances ingleses sobre a ocupação da Índia, como ``Passagem para a Índia", aliás, mencionado na peça. O pouco que há de novo é o confronto entre a Índia de 1930 e a de hoje. Confronto que é feito num constante vaivém no tempo, como em ``Arcadia", confundindo cenários e ações. Mas o que vence é mesmo a Índia ocupada de 1930, com uma jovem que lembra em quase tudo -do radicalismo chique na política, nas artes e no comportamento ao envolvimento com indiano- as personagens das histórias que até hoje fascinam os saudosos da Inglaterra imperial. Daí os figurinos hollywoodianos e o humor, a política, o sexo na dose correta. É comercial -mas é também uma boa comédia romântica, a peça. E alguns personagens paralelos, como o professor indiano que não pára de rir frente à tragédia social da Índia libertada, são belas construções cômicas, lembrando Rosencrantz e Guildenstern -na versão Sttopard, é claro. O melhor da peça, ainda que pouco desenvolvido diante das exigências do West End, está na Índia do presente. Os conflitos econômicos e raciais surgem mais aterrorizantes do que os de 1930, por não terem perspectiva de solução, ou de revolução. Mas não adianta, que Sttopard tinha que se dedicar ao distante 1930, pela bilheteria. Tinha que se dedicar ao romance entre a jovem aristocrata socialista, amante de Bernard Shaw, e o jovem pintor indiano. Uma comédia romântica, distante como seu tema. (NS) Texto Anterior: Bob Wilson faz viagem no tempo Próximo Texto: RSC aproveita a violência Índice |
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