São Paulo, segunda-feira, 16 de outubro de 1995
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Itália celebra início da técnica do cinema

Festival mostra as eras da imagem

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O mais importante festival de cinema mudo, inaugurado na última sexta-feira em Pordenone (na Itália), aderiu à chamada ``febre do centenário" -referente à comemoração dos cem anos de cinema.
O crítico britânico David Robinson, autor da biografia definitiva de Chaplin, organizou a mostra ``Luz e Movimento -As Sete Eras da Imagem", que ocupa até o mítico dia 28 de dezembro o ex-Convento de San Francesco.
A idéia central da mostra -que foi inaugurada no início do festival- é apresentar as sete eras que precederam o aparecimento do cinema. Desde já promete ser a grande exposição desse centenário.
A primeira parte da mostra é ``A Era dos Gabinetes de Curiosidades", que mostra o desenvolvimento nos séculos 16 e 17 de artefatos óticos como o microscópio, o telescópio e ``câmeras obscuras".
``A Era das Praças" celebra a exploração de lanternas mágicas e sombras chinesas em shows populares.
A evolução da ``câmera obscura" até a fotografia e o estereoscópio é lembrada em ``A Era do Artista".
``A Era das Crianças" analisa como brinquedos criados para ensinar ciências nas escolas transformaram-se em monumentos do pré-cinema -como o fenakistiscópio e o zoetrope.
``A Era do Espetáculo" é marcada pela ascensão dos shows de imagens como os Panoramas, Dioramas e as célebres Pantominas Luminosas de Emile Reynaud.
A análise científica do movimento por astronômos como Jannsen, fisiologistas como Marey e Demeny, e fotógrafos como Muybridge é o tema de ``A Era do Laboratório".

Fotografias
Finalmente a última parte da mostra, ``A Era do Cinema", traz o registro e a exibição de fotografias em movimento, que ganham impulso com os filmes em celulóide.
Foi justamente este capítulo da história que possibilitou que, entre 1894-95, vários pesquisadores (Edison, Skladanowsky, Alberini, Lumiére) inaugurassem quase que simultaneamente o cinema.
O festival de Pordenome segue com seu ciclo de filmes até o próximo sábado, e também faz uma retrospectiva do cinema mudo.
As atrações incluem desde o primeiro ``boom" cinematográfico chinês (anos 20-30) à produção judaica pré-Israel, dos curtas de animação de Max e Dave Fleischer à pouco conhecida filmografia silenciosa de Henry King.
Já a Cinemateca Francesa e a coleção Alan Roberts da Nova Zelândia apresentam novos achados e pérolas restauradas.
Quem não puder ir, como consolo pode conferir em São Paulo, no final de novembro, outra exposição concebida pelo mesmo David Robinson: ``O Nascimento do Cinema" -que será apresentada pelo próprio curador, a convite do British Council.
No mesmo sentido, destaque-se o belo volume ``O Primeiro Cinema" recém-lançado por Flávia Cesarino Costa pela editora Scritta.

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