São Paulo, segunda-feira, 16 de outubro de 1995 |
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Arafat Iasser Arafat, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, visita hoje o Brasil. Arafat já foi considerado um dos piores terroristas do mundo, teve sua entrada nos EUA proibida por esse motivo e sobreviveu a dezenas de tentativas de assassinato, tanto por parte de seus rivais da OLP como por parte de seus ex-inimigos israelenses. Hoje, Arafat é prêmio Nobel da Paz e será recebido, no Brasil, com honras de chefe de Estado. Trata-se de uma mudança bastante significativa, que só pode ser compreendida à luz das recentes mudanças geopolíticas que o mundo sofreu. É evidente que, sem o fim da Guerra Fria, o conflito no Oriente Médio tenderia a prolongar-se ainda mais. Ocorre, porém, que a capacidade de perceber essas rápidas mudanças e adaptar-se a elas é um dom reservado aos grandes homens. Arafat e seus companheiros de Nobel, Yitzhak Rabin e Shimon Peres, são uns desses homens. Arafat vem ao país com o chapéu na mão. São inúmeros os obstáculos a uma paz duradoura entre árabes e judeus. Um dos principais, contudo, é a erradicação da miséria sob a qual vivem os palestinos. É justamente essa falta de perspectiva para a população a responsável pelo crescimento de grupos fundamentalistas como o Hamas, que são, hoje, uma das ameaças mais concretas ao acordo de paz. O Brasil, que conta com importantes comunidades árabe e judaica convivendo em harmonia, e que agora procura desempenhar um papel de maior relevo no cenário internacional, pode e deve sinalizar a Arafat que, na medida de suas possibilidades, está disposto a investir na Palestina. Como provaram e vêm provando Arafat, Rabin e Peres, é muito mais difícil celebrar a paz do que fazer a guerra. Os esforços promovidos por esses poucos grandes homens devem ao menos ser reconhecidos. Texto Anterior: Um século asiático? Próximo Texto: Nada mal Índice |
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