São Paulo, segunda-feira, 16 de outubro de 1995
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Nada mal

Em entrevista coletiva durante a assembléia anual do Fundo Monetário Internacional, em Washington, o novo presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn, surpreendeu a todos ao admitir que a instituição financeira cometeu erros na Amazônia, financiando iniciativas que viriam a causar danos à região.
Mesmo sem especificar o tipo de dano a que se referia, provavelmente pensava no projeto ``Polonoroeste" de ocupação de Rondônia, financiado pelo banco e que resultou em desmatamento no Estado.
É verdade que o vírus do ``politicamente correto" tem inoculado em muitas pessoas um cuidado quase obsessivo de não cometer gafes que atinjam minorias e de dar a devida importância a assuntos que há bem pouco tempo eram desprezados -entre os quais o ambientalismo.
Porém, mesmo admitindo que há um cálculo político na autocrítica feita por Wolfensohn, não se pode negar que, há menos de dez anos, esse tipo de cuidado ainda era praticamente inimaginável.
Vê-se aqui uma outra dimensão do ``politicamente correto", não necessariamente contaminada pelos exageros a que esse conceito tem sido exposto: ser capaz de reavaliar criticamente as próprias ações, tanto no âmbito individual quanto no institucional, e lançar raízes para que erros do passado não passem incólumes nem se repitam.

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