São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 1995
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Profissional liberal jovem é perfil de traficante

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Turista europeu, com idade entre 20 e 30 anos, de preferência estudante ou profissional liberal: esse é o novo perfil dos transportadores de cocaína detectado pela Polícia Federal no Rio de Janeiro.
O jovem toma o lugar que já foi ocupado por vários tipos de "mulas": operários brasileiros, mulheres de meia-idade, e até senhoras de 70 anos -as "velhinhas do pó"-foram presos com cocaína na bagagem.
O turista é recrutado em seu país de origem por integrantes das quadrilhas. Pode ganhar entre US$ 1 mil e US$ 5 mil por viagem. No Rio, hospeda-se com todas as despesas pagas em hotéis da orla ou apartamentos utilizados pela quadrilha.
"No início, eram pessoas muito humildes, brasileiros pobres. Depois os próprios traficantes nigerianos serviam de mula. Já tivemos velhinhas, pais e filhos, agora é a vez dos estudantes estrangeiros", afirma o delegado Jairo Kullmann.
A prisão de nove ingleses este ano, no Aeroporto Internacional, aponta a Grã-Bretanha como um dos destinos mais procurados pelas quadrilhas.
Em pelo menos um dos casos -a prisão do professor de inglês Christopher Atgbokham Isiramen- a PF tem indícios do envolvimento de europeus também no esquema de distribuição da droga aos turistas.
Isiramen, 35, foi preso em junho com as estudantes Andrea Louise Armstrong, 19, e Kala Marie Webster, 18. Elas viajariam para Londres transportando dois quilos e meio de cocaína.
Isiramen não tinha passagem marcada. Segundo a PF, ele morava em São Paulo e atuava no grupo nigeriano, distribuindo cocaína para os turistas da Inglaterra.
Em agosto, Isiramen e outro inglês conseguiram fugir da custódia da Polícia Federal. Três funcionários foram indiciados como suspeitos de terem facilitado a fuga.
(FE)

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