São Paulo, sexta-feira, 20 de outubro de 1995
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Paixão dá as cartas em 'O Quatrilho'

SYLVIA COLOMBO
DA REDAÇÃO

Filme: O Quatrilho
Estréia: hoje, no Eldorado 5, Morumbi 2 e Liberty e circuito

A destroca de casais faz a trama de "O Quatrilho", de Fábio Barreto, que estréia hoje na cidade.
A história se passa no sul do país onde, há 120 anos, os imigrantes italianos fundaram colônias e cidades na região de Caxias do Sul. Prosperaram dentro de um regime de rigoroso trabalho familiar. A sociedade que formaram era de rígidas regras morais, com o olho da Igreja regendo vidas.
A trama é simples. Ângelo Gardone, homem rústico e ignorante, casa-se com sua prima Teresa, sonhadora e sentimental. Os dois saem da colônia natal porque ele, como primogênito, deve fazê-lo, segundo a tradição, quando o irmão mais novo se casa.
A prima de Teresa, Pierina, é uma mulher trabalhadora e rústica. Seu marido, Mássimo Boschini é um homem que já sentiu as benesses da modernidade e não gosta da vida regrada da colônia.
Ângelo compra uma colônia em sociedade com Mássimo e as duas famílias passam a viver juntas. Mássimo e Teresa se apaixonam. O discurso anarquista que ouvem na cidade soa coerente para eles pois é o único a deixar reticências sobre o amor livre. Incertos sobre como agir, fogem.
Para Pierina e Ângelo sobra a revolução que os outros dois não fizeram. Enfrentam a marginalização por continuarem morando juntos. E também se apaixonam.
Se Mássimo é anarquista, Ângelo é capitalista, só porque assim podem fazer o que querem. Mássimo fica com Teresa, Ângelo fazer a colônia prosperar com Pierina. A troca revolucionária é um jeitinho para pôr lado a lado os iguais.
"O Quatrilho" mostra um Brasil modesto e rico, que trabalhou silenciosamente por seu destino. A destroca dos casais segue mais uma estratégia do que uma trama e revela, através de um caso verídico, um bom filme de personagem.

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