São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 1995
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Roteirista de 'O Passageiro' fala no MIS

AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O crítico, curador e cineasta britânico Peter Wollen, autor do clássico "Signos e Significação no Cinema" e roteirista de "O Passageiro: Profissão Repórter" (1975) de Antonioni, profere hoje às 20h30 no MIS (av. Europa, 158, Jardins) a penúltima palestra do ciclo "Cinema No Século". O tema são as relações entre cinema e política. A entrada é franca.
Wollen visita o Brasil pela primeira vez como convidado do MIS, da AMIS (Associação de Amigos do MIS) e da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo. Atualmente lecionando teoria e crítica de cinema na Universidade da Califórnia, é autor de quatro livros. "Signos e Significação do Cinema", publicado no final dos anos 60, tornou-se instantaneamente um manual básico dos estudos semiológicos de cinema. Seu posfácio de 1972 já apontava para os novos campos de pesquisa de Wollen: o que ele mesmo chama de "encontro retardado do cinema com o movimento modernista nas artes".
A questão do modernismo é central aos posteriores "Readings and Writings" (1982) e "Raiding the Icebox - Reflexions on Twentieth Century Culture" (1993). Em ambos o cinema é apenas um dos assuntos, ao lado de fotografia (Tina Modotti), artes plásticas (Matisse, Pollock, situacionismo) e dança (Diaghilev e o balé russo), entre outros assuntos.
A pesquisa de Wollen busca, em suas próprias palavras, "as antinomias que constituiram a identidade do modernismo: funcional/decorativo, praticidade/ superfluidade, natural/artificial, máquina/corpo, masculino/feminino, ocidente/oriente". Seu mais recente livro, sobre "Cantando na Chuva", acaba de ser lançado dentro da coleção Artemídia da Rocco.
Peter Wollen mantém intensa atividade também como diretor de filmes experimentais e documentários. Seu currículo como roteirista apresenta nada menos que "O Passageiro: Profissão Repórter" de Michelangelo Antonioni. "A colaboração surgiu depois do roteiro pronto, que escrevi com Mark Peploe (Oscar por "O Último Imperador")", contou Wollen à Folha ao chegar a São Paulo na última sexta-feira.
"O projeto foi uma encomenda do produtor italiano Carlo Ponti a Mark e a mim. Na esteira do sucesso de 'Sem Destino', ele queria rodar um filme de jovens cineastas", detalha. "Escrevemos 'O Passageiro'. Mark deveria dirigir, mas nada aconteceu. Dois anos depois, Antonioni devia um filme de um pacote de três para Ponti. Fracassando o projeto de um filme que passaria no Brasil ("Tecnicamente Suave"), leu e aceitou dirigir nosso roteiro".
Antonioni fez muitas mudanças? "Não, nada foi terrivelmente mudado", afirma. "Durante as filmagens, eu e Mark reescrevemos poucas coisas. Por exemplo, o protagonista seria inglês, mas com Jack Nicholson como intérprete tivemos que adaptar para um americano que vivia na Inglaterra", conta. "O Passageiro" será debatido na parte final de sua palestra.

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