São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 1995
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Festival procura um novo formato para próximo ano

CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Free Jazz Festival terminou ontem, em São Paulo e Rio, já pensando em seu futuro. Depois de 10 edições, o evento pode ganhar um novo formato, em 96, com a inclusão de salas menores.
"Temos que fazer uma reavaliação do festival, no sentido de adequar mais os artistas aos locais dos shows", reconhece Francisco Barreto, gerente da companhia Souza Cruz, que patrocina o evento.
"Alguns shows de jazz são mais intimistas, outros exigem um público maior. Essas coisas têm que ser repensadas, mas ainda não temos uma posição definida sobre isso", diz Barreto.
Ao que tudo indica, a idéia de o festival contar com outras salas menores, além do Palace (São Paulo) e do Metropolitan (Rio), é bem cotada entre os organizadores.
"Essa idéia sempre existiu, mas nunca foi tão necessária como agora", avalia a produtora Monique Gardemberg, que dirige o evento junto com a irmã Sylvia, desde a primeira edição, em 85.
"O jazz está passando por uma fase de transição, após a morte de seus grandes ídolos. Por isso, como outros festivais pelo mundo, o Free Jazz tem que se tornar mais híbrido para poder manter o nível de sucesso que pretendemos", argumenta a produtora.
Também adeptos dessa mudança são os programadores Zuza Homem de Mello e Paulinho Albuquerque. "Essa seria uma solução para se trazer tanto um Eric Clapton, como um Tommy Flanagan, pianista muito pouco conhecido por aqui", diz Zuza.
"O festival precisa achar uma forma de incorporar ótimos músicos que ainda não atingiram o grande público, como um Bill Frisell", concorda Monique.

Futuras atrações
Apesar do costumeiro sigilo quanto às futuras atrações do evento, Monique admite que o nome do roqueiro norte-americano Lou Reed está praticamente certo para o próximo ano.
"Depois de desistir duas vezes, por problemas com a banda, ele prometeu que agora vem mesmo. Até os técnicos de som dele já estiveram aqui", adianta.
Outros nomes ventilados para a próxima edição são os do saxofonista James Carter, o do baixista Christian McBride e o do pianista Cyrus Chestnut -três recentes e brilhantes revelações do jazz.
Em função do sucesso obtido este ano, uma corrente que certamente voltará a ganhar uma noite em 96 é a do "acid jazz". "Esse gênero está retomando aquela alegria que existia originalmente no jazz", acredita Monique.
Antes mesmo do cômputo final de público, os organizadores consideram que o evento foi um sucesso. "O objetivo de celebrar os 10 anos do festival foi alcançado. O próprio elenco caracterizou esse tom de celebração e o público percebeu isso", diz Barreto.
"Em São Paulo tivemos praticamente todos os dias com 100% de lotação. No Rio, onde transferimos o festival para um espaço maior, o Metropolitan, vamos ter uma média em torno de 70% ou 80% de lotação. Para um festival de jazz é algo bastante expressivo". Outro motivo de comemoração foi a experiência de realizar pela primeira vez o festival em Porto Alegre, que pode se repetir em 96. "Nas duas primeiras noites, a lotação do Teatro São Pedro foi de 100%", diz Barreto.
É também em Porto Alegre que o 10º Free Jazz termina, com os shows de Stevie Wonder e Gilberto Gil, amanhã, no Gigantinho.

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