São Paulo, quarta-feira, 25 de outubro de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Suposto líder zapatista diz ter sido torturado na prisão
FLAVIO CASTELLOTTI
Yañez foi preso na Cidade do México por porte ilegal de armas. "Fui interrogado por militares que mantiveram meus olhos vendados e submeteram-me a torturas." O "comandante Germán", seu codinome segundo a Procuradoria Geral da República, disse que sua detenção foi "pré-fabricada". "Nunca sequer vi as armas que, segundo a polícia, eu possuía na noite em que fui preso, disse. Ele assumiu ter sido um dos fundadores da Faln (Forças Armadas de Libertação Nacional), movimento armado que atuou no país nos anos 70, porém negou qualquer ligação com o EZLN. "Não conheço o subcomandante Marcos. Nunca o vi pessoalmente", afirmou ele em entrevista coletiva concedida na prisão. Segundo Carlos Tello, que investiga a guerrilha em Chiapas (sul do México), Yañez é de fato o "comandante Germán, como afirma a Procuradoria, e ocupava o cargo mais alto na hierarquia do EZLN. O "poder real", porém, estaria nas mãos do "subcomandante Marcos. A prisão do suposto "comandante Germán" preocupa os integrantes da Comissão de Concórdia e Pacificação, órgão responsável pela intermediação das negociações entre governo e EZLN. "O ato poderia ser interpretado pelo EZLN como uma violação da anistia aos líderes zapatistas e poderia representar a ruptura do diálogo", disse o deputado César Chávez, presidente da comissão. A anistia aos zapatistas foi a condição do EZLN para manter o cessar-fogo na região do conflito (Chiapas) e aceitar um diálogo pacífico com o governo sobre os direitos indígenas no país. A guerrilha promovida pelo EZLN teve início em janeiro de 1994, quando o movimento tomou várias comunidades de Chiapas, exigindo melhores condições para os índios da região. O governo enviou 8.000 homens e sufocou o conflito. A organização, porém, sobreviveu, clandestina. Texto Anterior: Nem por um minuto Próximo Texto: Senado quer embaixada dos EUA em Jerusalém Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |