São Paulo, sábado, 28 de outubro de 1995 |
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Medidas traumáticas ficarão para mais tarde
SILVANA QUAGLIO
Quando assumiram a direção, em 30 de dezembro do ano passado, os funcionários do Banco Central já encontraram um plano pronto, em fase de implementação. O plano extinguiu as vice-presidências e sete diretorias. O novo organograma caía como uma luva para o grupo de interventores do BC, que era de nove pessoas -exatamente o número de postos de comando remanescentes na cúpula do banco. Mas o modelo se mostrou pouco eficiente para a fase de crise que o banco atravessa e outras três diretorias tiveram de ser criadas. Uma delas, a de Recuperação de Crédito, só é necessária, segundo avaliação dos interventores, porque foram concedidos empréstimos sem o devido cuidado. Os interventores lançaram o Programa de Incentivo à Demissão Consentida, que teve a adesão de 911 funcionários. Até o final do ano, outra campanha será feita. Entre os funcionários, o clima é tenso. A Diretoria de Representação -órgão que representa os funcionários na diretoria do banco- não participou da formulação nem teve acesso aos relatórios. A Folha apurou que o programa de reestruturação começou a ser debatido nas áreas técnicas, para que sejam feitos ajustes. Só depois sofrerá o crivo político das várias entidades de funcionários que existem no banco. Segundo lideranças políticas ligadas a Mário Covas, o governador tem mostrado disposição, desde o início das negociações com o BC para a retomada do banco, de implementar um plano de reestruturação que aumente a eficiência e a competitividade do Banespa, ainda que isso signifique cortes. Na avaliação dos técnicos do BC, o grande problema do banco é o número de funcionários e a má distribuição dos salários -a folha salarial corresponde a 70% dos custos operacionais do banco. A estruturação da carreira, também segundo avaliação dos interventores, está engessada. Por exemplo: quando exerce função comissionada, o funcionário agrega a comissão ao salário para sempre e não apenas durante o período em que estiver na função. A manutenção de uma rede com mais de 1.600 pontos-de-venda -entre agências e postos de atendimento-, vários dos quais deficitários, também é condenada no levantamento. A orientação é a reorganização desses pontos. Prefeituras deverão ser procuradas para atuar em parceria com o Banespa em áreas de poucos recursos, mas onde haja necessidade social da presença do banco. Outros pontos devem ser fechados. Mas tanto as mudanças relacionadas a pessoal como aquelas relacionadas à rede de pontos-de-venda só deverão passar por modificações mais profundas quando o governo paulista estiver participando da administração. Até lá, haverá apenas medidas tópicas e pouco traumáticas, como a venda de linhas telefônicas -cem delas já foram vendidas-, de carros ou a reestruturação de agências -algumas estão sendo reduzidas e seus espaços locados ou até mesmo vendidos. (SQ) Texto Anterior: BC sugere demissões para sanear Banespa Próximo Texto: FHC acena com atenção especial a São Paulo Índice |
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