São Paulo, sábado, 28 de outubro de 1995 |
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Fazendeiros já contratam seguranças armados em SP
GEORGE ALONSO
Em parte dos exemplares da edição de sábado, subtítulo da reportagem "Fazendeiros já contratam segurança armada em SP), publicada à pág. 1-13, tratava Belisário dos Santos Júnior como secretário de Segurança, em vez de secretário de Justiça, como corretamente afirmava o texto. O clima no Pontal do Paranapanema (região do extremo oeste de São Paulo) pode voltar a ficar tenso neste fim-de-semana. Fazendeiros da região estão contratando seguranças armados para defender as terras que ocupam. Os sem-terra prometem realizar duas novas invasões até amanhã. Ontem, os fazendeiros começaram a consultar empresas de segurança, como a Protege. A idéia é pôr pelo menos um ônibus lotado de seguranças armados, circulando na região, vigiando fazendas e o movimento dos sem-terra. Seriam contratados cem seguranças. O governo do Estado já considera a situação grave. "Temos recebido informes, ainda não muito precisos, de que os dois lados estão se armando. É gravíssimo. A polícia está em alerta", declarou ontem o secretário de Justiça, Belisário dos Santos Júnior. Os fazendeiros radicalizaram o discurso após as ameaças de novas invasões, fora das áreas nas quais o Estado anunciou a intenção de promover a reforma agrária. "Já que o velocípede do Estado não anda, é preciso defender as propriedades. Você imagina um ônibus cheio de gente armada? É claro que isso vai aumentar a tensão", admite Célio Romero de Souza, vice-presidente do Sindicato Rural de Presidente Prudente. O sindicato reúne os fazendeiros da região, que ocupam terras públicas há mais de 30 anos. Segundo Souza, não há ilegalidade na contratação de seguranças. "Os bancos e os grandes magazines fazem isso. São empresas de segurança constituídas, legais, com profissionais especializados e que vão emitir nota fiscal", diz. "A falsificação dos títulos aqui no Pontal ocorreu em 1868. Os que compraram as terras depois disso, fizeram de boa-fé", afirma o dirigente ruralista. Para Souza, o governo errou. "Eles (o governo) estão querendo desenterrar um defunto e vão acabar enterrando outros." O Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp), segundo os fazendeiros, deveria ser extinto. O Pontal estaria sendo usado para atender interesses políticos. "O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) quer notoriedade e o Itesp tem interesse em mostrar serviço, de aparentar útil. Mas a colonização do Estado acabou em 1940", alfineta Souza. O Sindicato Rural de Presidente Prudente também atacou a distribuição do governo de cestas básicas nos acampamentos de sem-terra. "É por isso que a cada dia chega mais gente aqui, de todos Estados. No mínimo, vêm para garantir a 'bóia'. Isso é uma rosca sem fim. O governo está forçando a barra por um caminho que não dá", diz Souza. Texto Anterior: Iris vai ser convocado a depor sobre escândalo em banco oficial Próximo Texto: Sem-terra devem reocupar Cesp Índice |
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