São Paulo, sábado, 28 de outubro de 1995
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13º injetará menos de US$ 7 bi na economia

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

O volume de dinheiro que entra na economia nos próximos dois meses por conta do pagamento do 13º salário deve ser, em 95, inferior aos US$ 7 bilhões, cifra que os economistas calculam que tenha sido atingida no ano passado.
É que, pela primeira vez, boa parte das grandes empresas antecipou metade do 13º salário ao longo do ano, até mesmo para os funcionários que não saíram de férias.
Algumas delas chegaram até a quitar a segunda parcela do 13º no início do segundo semestre.
"Com certeza vai ser um Natal mais magro para o comércio, porque as empresas diluíram o pagamento do 13º ao longo do ano", diz Nelson Barrizzelli, economista da Universidade de São Paulo.
O objetivo, explica, foi aliviar, em parte, a situação de inadimplência (atraso no pagamento) dos empregados.
Nos tempos de inflação alta, eles estavam acostumados a contar com os reajustes automáticos de salário para fechar o orçamento do mês. Com a estabilização da economia, acabaram se endividando além da conta, afirma.
Mas o número de companhias que concederam esse benefício é bem maior. Motivo: há empresas que adiantaram o pagamento só para empregados de nível gerencial. E, para não criar conflito entre os funcionários, evitam declarar que pagaram o 13º integralmente a apenas uma parte deles.
A lei diz que o patrão tem de pagar a primeira parcela do 13º até 30 de novembro para o empregado que não solicitou o adiantamento por ocasião das férias. Os 50% restantes têm de ser quitados até 20 de dezembro.
A Roche, a Gessy Lever e a Johnson & Johnson, por exemplo, já quitaram a segunda parcela do 13º salário dos funcionários nos meses de julho, setembro e agosto, respectivamente.
"É a primeira vez na história da empresa que antecipamos a segunda parcela do 13º salário", diz Ronald Rodrigues, diretor de assuntos corporativos da Gessy Lever. A medida beneficiou 10,5 mil empregados da companhia.
Márcio Walter, gerente de pessoal da Roche, diz que a diretoria da empresa decidiu antecipar a quitação da segunda parcela do 13º em julho porque a cooperativa de crédito dos funcionários da companhia não estava dando conta dos pedidos de empréstimo.
Também é a primeira vez que a Roche pagou a segunda parcela do 13º antecipadamente.

Tendência
No caso da Johnson & Johnson, pela primeira vez na história da empresa o débito foi quitado em agosto. "A antecipação do 13º neste ano é uma tendência entre as grandes empresas interessadas em ajudar os empregados", diz Paulo Roberto Cunha, gerente da IBM.
Ele é membro de fórum de executivos e diz que essa é uma das preocupações das multinacionais.

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