São Paulo, sábado, 28 de outubro de 1995
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Dinheiro vai para poupança

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

O dinheiro adicional que entra na economia com o pagamento do 13º salário deve ser, neste ano, direcionado principalmente para a poupança e não para o consumo.
A previsão é de Flávio Nolasco, economista da MA Consultoria Econômica.
"Ao contrário do ano passado, a perspectiva de ficar desempregado nos próximos meses deve inibir o consumidor, que vai acabar poupando o dinheiro extra", diz.
Os comerciantes também já estão trabalhando com essa perspectiva e não ousam aumentar as compras.
Natale Dalla Vecchia, sócio-diretor da Lojas Cem, por exemplo, acredita que o consumidor vai gastar com mais cautela neste ano. Motivo: o trabalhador teme perder o emprego.
Para Nolasco, não há risco de esse dinheiro adicional, que entra na economia normalmente no final de ano, desestabilizar os preços.
É que o consumidor ainda está amarrado aos compromissos assumidos desde o final do ano passado.
Segundo o economista Nelson Barrizzelli, da Universidade de São Paulo, quem, até agora, não regularizou as dívidas em atraso deve gastar parte do 13º a receber para quitar os pagamentos e limpar o nome na praça antes de contrair novas dívidas.
Essa prática já vem sendo adotada por boa parte dos inadimplentes (pessoas com pagamento em atraso) neste ano.
Tanto é que grandes empresas, além de adiantarem o pagamento do 13º salário, implementaram programas de empréstimos aos funcionários.
Em julho, por exemplo, a Rhodia iniciou um programa de empréstimos para todos os funcionários. Dos 10 mil empregados, apenas 500 não aceitaram o benefício, diz Farid Chedid, diretor de recursos humanos do grupo.
(MCh)

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