São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 1995
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Covas evita confronto em ato pró-Banespa

SILVANA QUAGLIO; CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador Mário Covas (PSDB) tentou esvaziar o caráter de protesto do ato ocorrido ontem em São Paulo contra a privatização do Banespa.
A manifestação começou no Palácio dos Bandeirantes -sede do governo paulista- com audiência a prefeitos e vereadores.
Covas não compareceu à segunda parte da manifestação no pátio externo da Assembléia Legislativa. Disse que não iria apesar de considerar a reivindicação justa.
"É justo que o Estado reivindique a volta do banco para o controle do Estado, mas esse tipo de movimento não ajuda nem atrapalha. Não definirá nada", disse.
Apesar da chuva, cerca de 8.000 manifestantes estiveram na Assembléia, no momento de pico, segundo estimativa da Polícia Militar. Eram, na maioria, funcionários do Banespa vindos de várias partes do Estado.
Os organizadores do ato -sindicatos ligados à CUT, funcionários do Banespa e parlamentares- estimavam a presença de mais de 10 mil manifestantes.
No Palácio dos Bandeirantes, havia poucos deputados estaduais. Os parlamentares que aderiram ao ato preferiram ir diretamente à Assembléia.
Segundo o presidente regional do PSDB, o deputado federal Silvio Torres, a audiência no Bandeirantes era para prefeitos e vereadores. Cerca de 500 pessoas estiveram no Bandeirantes, onde, duas horas antes da audiência, Covas repassou às prefeituras convênios para a melhoria da cobrança de ICMS. Um evento ajudou o outro.

Função original
Em seu discurso, Covas reforçou a importância de o Banespa ter administração profissional para não se desviar da função original (promover o desenvolvimento do Estado) e para que não se repita "a situação atual".
O governador frisou, ainda, que se a intervenção do BC não tivesse ocorrido às vésperas de sua posse, ele teria proposto uma negociação para o pagamento da dívida, que ele assume como do Estado.
"O orgulho que São Paulo tem em reivindicar o controle do banco tem que ser o mesmo orgulho de resgatar o que deve", disse Covas. O banco está sob intervenção desde 30 de dezembro de 94.
Covas continua negociando uma saída para a crise do Banespa e acredita que o desfecho esteja próximo. Quer evitar que qualquer ruído atrapalhe as conversas. Por isso fez a manifestação parecer mais cívica do que política. Ele também não deseja confrontar FHC, tucano como ele.
Covas afirmou que a proposta que enviou ao BC continua "de pé". Ele quer pagar metade dos R$ 13 bilhões da dívida com a venda de patrimônio do Estado e o restante com prazo maior e juros mais baixos.
O governador disse que ainda não teve resposta oficial para a proposta, mas deu a entender que a saída seria no caminho do que propôs.
O ato na Assembléia começou por volta das 18h com show de música e circo. Acabou por volta das 20h30. Além de representantes da CUT, do PT e de funcionários, deputados de vários partidos discursaram. O presidente Assembléia, Ricardo Tripoli (PSDB) foi o apresentador oficial do ato.
O presidente da CUT, Vicente Paulo de Silva, o Vicentinho, e o ex-presidente do PT Luiz Inácio Lula da Silva também estiveram presentes. Para Lula, Covas é um homem "confiável", que não permitirá a privatização do banco.
(Silvana Quaglio e Carlos Alberto Sardenberg)

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