São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 1995
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Blitz nos Jardins vai fechar 42 lojas

ANTONIO ROCHA FILHO; CHRISTIAN CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A prefeitura promete iniciar hoje uma grande blitz para fechar 42 estabelecimentos comerciais que estariam funcionando irregularmente no quadrilátero formado pelas avenidas Brigadeiro Luís Antônio, Nove de Julho e ruas Estados Unidos e Groenlândia, nos Jardins (zona oeste de São Paulo).
Segundo Carlos Alberto Venturelli, presidente da Comissão Integrada de Fiscalização (CIF) e diretor do Contru -órgãos responsáveis pela fiscalização-, esses estabelecimentos estão em área que a Lei de Zoneamento define como Z-1 (estritamente residencial).
Venturelli diz que, entre os locais atingidos, estão "bares, restaurantes e escritórios, alguns com processo de fechamento administrativo em andamento". Segundo ele, o fechamento dos estabelecimentos irregulares foi determinado pelo prefeito Paulo Maluf.
Apenas nas vias que delimitam o quadrilátero, a Folha contou 16 consultórios e centros médicos, quatro laboratórios, seis imobiliárias, nove empresas de seguros e cinco agências de turismo.
O presidente da CIF afirma que foi levantada a situação de cada imóvel da região junto à Secretaria Municipal da Habitação (Sehab).
Ele diz que "a maioria das edificações simplesmente foi reformada e implantada sem a devida autorização da prefeitura".
Segundo Venturelli, só vão escapar do fechamento os locais que se instalaram "antes da Lei de Zoneamento, aprovada em 1972 e que recebeu modificações até 1986". "Essas construções têm o direito adquirido de funcionar."
Para definir os imóveis, ele diz se basear em abaixo-assinado enviado à Sehab por uma comissão de moradores do Jardim Paulista, em 22 de setembro.
"Esse abaixo-assinado, que conta com mais de cem assinaturas, aponta os imóveis com problemas na região. Fizemos o levantamento de cada um deles e constatamos as irregularidades."
Segundo Venturelli, na região não pode haver estabelecimentos comerciais nem de serviços. "As exceções são os de uso especial do serviço público, como Correios, delegacias e telefônicas."
Também há exceções, diz Venturelli, para imóveis em corredores comerciais, como a avenida Brasil, "onde podem funcionar, por exemplo, museus, antiquários, galerias de arte, que não geram grande público e têm predominância de atividade durante o dia".
Para a arquiteta Ermínia Maricato, professora da USP e ex-secretária da Habitação (gestão Erundina), "a Lei de Zoneamento é desrespeitada por mais de metade dos imóveis da cidade".
"Em sua estratégia de fazer uma fiscalização concentrada em áreas que dão repercussão, o prefeito Paulo Maluf faz uma gestão de fachada, colocando em evidência questões secundárias", diz.

* Colaborou CHRISTIAN CARVALHO, da Reportagem Local.

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