São Paulo, quarta-feira, 1 de novembro de 1995
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Prefeitura 'esconde' ambulâncias

DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo tem 13 ambulâncias novas paradas há um mês no pátio do Centro de Zoonose (zona norte).
Elas foram pintadas com as cores do PAS (Plano de Assistência à Saúde), ou seja, serão repassadas para as cooperativas privadas que vão assumir o controle dos postos e hospitais da prefeitura nas próximas semanas.
Além das ambulâncias, no mesmo estacionamento estão 12 ônibus, também pintados com as cores do PAS, que foram reformados para funcionar como postos de saúde volantes.
A criação desses postos foi uma das promessas de campanha do prefeito Paulo Maluf.
As ambulâncias estão no Centro de Zoonose porque não há espaço para estacioná-las no Departamento de Materiais da Prefeitura (Demat), que é vizinho ao local.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde, as ambulâncias e os ônibus não estão sendo usados porque alguns equipamentos não foram instalados e os veículos não foram emplacados.
As ambulâncias foram descobertas pelo vereador Adriano Diogo (PT), representante da oposição na Comissão de Saúde da Câmara Municipal. Ele acredita que a prefeitura está guardando os veículos para só usá-los depois do lançamento do PAS.
"A prefeitura vai usar as ambulâncias para fazer propaganda. Eles escondem agora e depois vão dizer que, com o PAS, melhorou o atendimento à saúde", disse ele, que vai acionar a prefeitura pelo crime de omissão de socorro.
A prefeitura nega a acusação e diz que as ambulâncias serão entregues assim que ficarem prontas.
As 13 ambulâncias são modelos pick-up da marca Chevrolet, C-20, adaptadas pela empresa Envemo.
Elas têm direção e câmbio hidráulicos, e cada unidade custou cerca de R$ 35 mil. Os ônibus foram reformados pela Engerauto.
Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos, Tito César Nery, há carência de ambulâncias na rede municipal. "É lamentável que a prefeitura pense mais em propaganda do que em atender dignamente a população", disse.

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