São Paulo, quinta-feira, 2 de novembro de 1995
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Empresário protesta contra taxas de juros

GILBERTO DIMENSTEIN
DE NOVA YORK

A homenagem da Câmara do Comércio Brasil-EUA ao empresário José Ermírio de Moraes, do grupo Votorantim, ontem à noite no Hotel Plaza, em Nova York, foi marcada pelo protesto contra a política econômica do governo. Ele classificou de "insuportáveis" as taxas de juros.
Ao receber o título de "Homem do Ano", diante de 650 convidados, José Ermírio criticou o que considerou excessos no combate à inflação (leia texto ao lado).
"Não podemos correr o risco de eleger a política antiinflacionária em objetivo mitológico, que não permite o crescimento econômico, que inibe a geração de empregos e torna impossível a distribuição de renda", afirmou.
O prêmio foi repartido com o presidente mundial da Ford, Alexandre Trotman.
Na platéia estavam o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, os empresários Mario Amato (vice-presidente da CNI) e Carlos Eduardo Moreira Ferreira (presidente da Fiesp) e banqueiros como Olavo Setubal (Itaú), Edmond Safra (Safra) e Edmond Safdié (Banco Cidade). O governo estava representado pela ministra da Indústria e Comércio, Dorothea Werneck.
Alguns dos presentes, como Amato e Moreira Ferreira, criticam há meses a política monetária (crédito apertado) do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Antonio Ermírio de Moraes, irmão do homenageado, que, há pouco tempo, disse que investir em produção seria "burrice", comentou ontem: "O sacrifício é dividido desigualmente. O setor financeiro está mais privilegiado".
Em seu discurso, José Ermírio disse que a classe empresarial mostrou "uma notável capacidade de sobrevivência" diante das crises política e econômica. Criticou especialmente o que chamou de "brutal arrocho fiscal".
"Neste ano de 1995, a receita de tributos deve superar 30% do PIB, o nível mais alto de toda nossa história", disse, temperando, em seguida, com elogios ao Real.
Para José Ermírio, FHC encontrou uma fórmula da "difícil equação" entre a contenção dos preços e o crescimento econômico. Um esforço que, na sua opinião, depende de "reformas estruturais".
Ele recebeu o título de George Anvell, presidente da Universidade do Colorado -onde se formou engenheiro, nos anos 40.

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