São Paulo, quinta-feira, 2 de novembro de 1995
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"A Rede" é coerente

MARIA ERCILIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Angela Bennett (Sandra Bullock) explica a seu ex-psicanalista e ex-amante como apagaram sua identidade e como terroristas estão tentando matá-la por causa de um disquete misterioso.
Ele tem a reação óbvia para um psicanalista: "acho que você está imaginando coisas, com mania de perseguição, excesso de solidão".
Como se trata de um thriller, a história de Angela é verdadeira. Mas a cena é interessante porque dá um involuntário sinal dos tempos: com tantas maquininhas para ajudar em funções como memória, comunicação etc, o espaço da subjetividade no sentido psicanalítico vai encolhendo. Como se as funções da psique estivessem se objetivando em elementos externos.
Fora esse lampejo de auto-ironia, "A Rede" é um filme de ação correto. Sandra Bullock é simpática sem ser linda de morrer, a trama é envolvente e tem um mínimo de coerência interna. É mais assistível que o pretensioso "Johnny Mnemonic".
Parte daquela premissa estilo "1984", de que estamos cada vez mais passíveis de sermos vigiados e controlados pelas máquinas que inventamos, mas sem muito estardalhaço futurista. O mundo de Angela Bennett, com sua solidão e pizza em frente ao computador, é perfeitamente plausível.
Engraçado é como os thrillers americanos ainda não se recuperaram do fim da Guerra Fria. Seus terroristas continuam tendo um ar assim meio russos. Sem falar no fato de que a mocinha terrorista se chama Ruth Marx.

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