São Paulo, quinta-feira, 2 de novembro de 1995
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Corrida contra o tempo

A baixa escolaridade dos trabalhadores brasileiros parece constituir hoje, infelizmente, o maior obstáculo para a necessária e já tardia modernização do país.
Dados recentes do IBGE, relativos às seis maiores regiões metropolitanas, indicam que 14,94% da população economicamente ativa não tem instrução ou atingiu no máximo a 3ª série do 1º grau, e 33% conseguiram chegar até a 7ª série. Embora registre, para os últimos seis anos, uma redução média de 2 pontos percentuais no número de analfabetos nessas regiões, o Instituto indica que o crescimento da parcela de trabalhadores com curso superior limita-se apenas ao Rio de Janeiro e a São Paulo.
Tais dados tornam-se ainda mais graves quando se constata que o número de inscritos nos principais exames vestibulares do Estado de São Paulo em 96 teve a acentuada queda de 14,4% em relação a 95. Se assim é na unidade mais rica da federação, o que se pode esperar do resto do país?
Num contexto de desemprego estrutural, aumento progressivo da competitividade e, no caso do Brasil, baixo investimento das empresas em treinamento, "é preciso ensinar os trabalhadores a aprender, e não apenas a fazer", lembra um pesquisador do Ipea. A precária escolarização, limitando a mão-de-obra ao cumprimento de funções meramente repetitivas, acaba por impedi-la de se adaptar a novas funções, tornando-a ainda mais vulnerável à demissão.
O desafio educacional para a modernização consiste pois em habilitar o trabalhador para a versatilidade e a constante aquisição de novas informações. E o Brasil, nesse ponto, parece ainda caminhar a passos de tartaruga.

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