São Paulo, sábado, 4 de novembro de 1995
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Aumento por redução

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Sexta, entre o feriado e o final de semana, muita gente na praia, ninguém cuidando das contas a pagar.
Já era o dia para anunciar um aumento da conta de luz. Mas o governo queria mais. Na manchete da Voz do Brasil:
- Sai a redução do subsídio das tarifas de energia.
A "redução do subsídio", no caso, foi para não dizer aumento da conta, o que nem foi mencionado. Engraçado, transformar aumento em redução. Também na Rede Brasil, também uma estatal:
- O governo decidiu cortar os descontos que vinham sendo dados há 15 anos.
Ou seja, além de tomar aumento por redução, o consumidor tem que carregar sentimento de culpa por 15 anos de supostos privilégios.
A estratégia de divulgação foi muito bem coordenada. No governo federal:
- Segundo o secretário de Acompanhamento, os consumidores residenciais não terão reajuste. Mas vão perder parte dos subsídios.
No governo estadual, da família, a mesma coisa:
- Segundo o secretário estadual de Energia, no caso das residências, na verdade, não há um reajuste, mas sim uma redução dos subsídios.
E mais, "o secretário explicou que o impacto na inflação será mínimo, com um peso de 0,07% no IGP-M e de 0,4% no índice da Fipe".
Não foi bem o que indicou o diretor da Fipe, que não é estatal, nos últimos oráculos da inflação. Ele estava abertamente ansioso com os efeitos dos aumentos de tarifas.
Aumentos que são aumentos, não têm outro nome. Alguns chegam a "94%!" -na exclamação do âncora da CBN, que não esperava por tal percentual ao ler o texto no ar.
Como ele, também o consumidor talvez exclame alguma coisa. No dizer da Globo, "o aumento da tarifa de energia pode assustar o consumidor na hora de pagar a conta".
Homens grandes
- Espero que Deus olhe por nós e faça que esses homens grandes, que têm bastante poder, ajudem a gente a ganhar o pedaço de terra da gente, para a gente pelo menos morrer em cima do que é da gente.

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