São Paulo, sábado, 4 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Presidente do Botafogo nega na polícia conhecer Catani

RICARDO PERRONE
DA FOLHA NORDESTE

O presidente do Botafogo, Laerte Alves, negou ontem à polícia de Ribeirão Preto (319 km a norte de SP), que conheça o ex-juiz de futebol Wilson Roberto Catani.
Na "fita do suborno", Catani afirmou que teria recebido cheques sem fundos de Alves como pagamento de um esquema de arbitragem para favorecer o Botafogo no último Paulista da Série A-2.
Desde que a fita foi tornada pública, Alves nega conhecer Catani.
O depoimento foi prestado ao delegado Antonio Carlos dos Santos Neto, 52, do 4º Distrito Policial de Ribeirão.
Neto não quis revelar outras declarações de Alves.
Depois de falar à polícia, Alves repetiu à Folha, na sede do clube, a sua tese de que há uma "armação" para prejudicar o Botafogo.
"Alguém quer prejudicar o Botafogo, que subiu de maneira lícita. Como também fizemos as finais da Série A-1, isso deve ter despertado a inveja de algumas pessoas." Alves não falou quem seriam essas pessoas.
Ele afirma que não está preocupado com a possibilidade de o Botafogo ser punido, caso o esquema seja provado.
"Como não existe esquema, não há provas. Onde estão os cheques que eu teria dado ao Catani?", disse.
Na gravação, Catani diz ter recebido três cheques de Alves, no valor de R$ 2.500,00 cada.
"Não conheço o Catani e não emiti nenhum cheque nesse valor", afirmou Alves.
Na "fita do suborno", Catani informa corretamente o número do CPF de Alves. "Isso é fácil de se conseguir. É só pegar um cheque que eu tenha emitido."
Catani também disse na fita ter encontrado o ex-árbitro Dulcídio Vanderlei Boschilla na sala de Alves, no Botafogo. Boschilla confirmou esse encontro.
"Muita gente visitou o Botafogo na época das finais e o Boschilla pode ter visto o Catani aqui, mas não foi na minha sala", disse.
O presidente do Botafogo afirmou que vai tomar medidas jurídicas em relação a "todas as pessoas envolvidas na fita".
Ele concorre à reeleição no clube. A eleição será na sexta-feira e até agora ele não tem concorrente.
Alves negou que busque a reeleição para tentar reaver o dinheiro que o clube lhe deve -R$ 1,5 milhão, na sua avaliação.

Texto Anterior: Brasileirinhas
Próximo Texto: Delegado do caso critica lentidão no inquérito
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.