São Paulo, sábado, 4 de novembro de 1995 |
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Incrível Incra O nome é pomposo: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Seu presidente tem "pedigree": Francisco Graziano foi trazido diretamente do gabinete do presidente da República, quase com o status de interventor. Entretanto, apesar da gala aparente do órgão, do cargo e do encarregado-mor, o Incra enreda-se a cada dia num cipoal mais denso de intrigas, equívocos e incongruências. A maior das quais foi noticiarem os jornais no mesmo dia um chamado de Graziano ao entendimento e à negociação enquanto se divulgava também a prisão de líderes do Movimento dos Sem Terra. Como se já não bastassem as dificuldades técnicas e políticas de implementar um programa de reforma agrária, surge nova complicação. O superintendente do órgão em Minas, Geraldo Resende, está informalmente demitido por Graziano, após denúncias de irregularidades. Informalmente, porque o superintendente mineiro tem aliados poderosos na máquina federal. A começar pelo irmão, o deputado e ex-ministro da Fazenda Eliseu Resende (PTB), que aliás foi também "saído" do governo Itamar após denúncias de irregularidades. O ex-ministro agora pressiona pela sobrevivência do irmão, senão nesse, ao menos em algum cargo. O presidente do Incra, Francisco Graziano, parece imobilizado entre o ministro da Agricultura, hierarquicamente superior, que o hostiliza, e o subordinado, que o desmoraliza. É patético: o órgão encarregado de fazer a reforma agrária não consegue sequer fazer uma reforma interna que aumente sua eficiência. Texto Anterior: Natureza superprotetora Próximo Texto: Sequestros Índice |
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