São Paulo, sábado, 4 de novembro de 1995
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Sequestros

A hipótese com que trabalha a polícia carioca de que, para cada dois sequestros notificados, existe um "informal" (quando os familiares preferem deixar a polícia de fora) revela, em primeiro lugar, a desconfiança da população em relação à sua polícia. Essa desconfiança não é infundada, afinal o número de policiais envolvidos em casos de sequestro não é desprezível. De resto, a trapalhada geral na falsa divulgação da libertação de Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira Filho corrobora a ineficiência do corpo policial. Não é possível que as principais autoridades policiais do Estado tomem conhecimento das "ações" de seus comandados pela TV.
Essa subnotificação de sequestros também deita por terra a proposta de que, na tentativa de desestimular esse crime hediondo, os bens da família do sequestrado fiquem judicialmente indisponíveis.
A transação poderia às vezes ser feita no exterior. O mais comum recurso do empréstimo a um amigo tampouco poderia ser descartado. A exigência, entre os sequestradores, da não-comunicação à polícia certamente aumentaria, tornando os sequestros ainda mais arriscados. E qual a pena para quem driblasse a lei? Além de ter tido um parente sequestrado, perdido dinheiro e, eventualmente não ter reavido o ente querido, esse cidadão ainda iria para a cadeia?

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