São Paulo, domingo, 5 de novembro de 1995
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Prostituição infantil cresce no interior de SP

PAULA TODESCO
MÔNICA GARDENAL

PAULA TODESCO; MÔNICA GARDENAL
DA FOLHA NORTE

Meninas entre 13 e 17 anos estão fazendo programas por menos de R$ 10,00 nas cidades de São José do Rio Preto (451 km a nordeste de SP) e Araçatuba (532 km a noroeste de SP). Em Araçatuba, a Polícia Civil e o conselho tutelar estão fazendo rondas noturnas nos finais de semana para mapear a prostituição infantil.
Segundo o curador da Infância e Juventude de Araçatuba, Ermenegildo Nava, 39, o número de casos de menores prostituídos está aumentando. "Já cheguei a receber pelo menos cinco denúncias em um só dia."
Em alguns casos, a prostituição tem a cobertura dos próprios familiares. A menor A.C., 15, de Araçatuba, está desaparecida desde setembro. A família a viu pela última vez quando ela saiu de casa para "fazer um programa".
"Não procuramos ajuda da polícia porque esta não é a primeira vez que ela desaparece", disse a mãe, Leonice Cassianata, 42.
Segundo ela, a filha se prostitui para ajudar a sustentar os sete irmãos. "Trabalho como diarista e o dinheiro que ganho mal dá para comprar pão e leite."
Em Rio Preto, uma relação sexual pode ser conseguida com uma menor de idade por menos de R$ 10,00.
"O mínimo que a gente cobra por aqui é R$ 10,00, mas quando o cara não tem mesmo de onde tirar a gente acaba quebrando no preço e deixando por menos", afirma A., 15, que faz programas na região do terminal rodoviário.
Em boates que apresentam show de striptease, meninas prostitutas chegam a cobrar até R$ 100,00 por programa.

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