São Paulo, domingo, 5 de novembro de 1995
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Soro é opção ao silicone nas próteses para os seios

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

As mulheres que desejam aumentar o tamanho de seus seios têm que fazer hoje uma escolha entre as tradicionais próteses de silicone (banidas dos Estados Unidos há três anos) e as novas próteses salinas -espécie de bolsas preenchidas por soro fisiológico.
As próteses de silicone, que estão no mercado há mais de 20 anos, começaram a ser "bombardeadas" no início dos anos 90 por uma série de processos de mulheres que haviam se submetido ao implante e que teriam desenvolvido complicações clínicas.
Até hoje, nenhum trabalho científico comprovou que essas próteses podem causar problemas.
No entanto, o FDA (Food and Drug Administration), que regulamenta e controla o uso de medicamentos nos Estados Unidos, decidiu não recomendar mais a colocação das próteses de silicone.
As próteses salinas foram a alternativa encontrada. No Brasil, o uso desse tipo de prótese ainda é limitado e criticado pela maioria dos cirurgiões plásticos.
A prótese salina, ao contrário da prótese de silicone, é colocada vazia dentro do seio. Com a ajuda de um pequeno sistema de tubos, o cirurgião vai enchendo a prótese com soro fisiológico até que ela alcance o tamanho desejado.
Marcus Castro Ferreira, professor titular da disciplina de cirurgia plástica do Hospital das Clínicas da USP, diz que o resultado estético alcançado pelas próteses salinas não é tão satisfatório como o resultado das próteses de silicone.
Segundo Ferreira, o gel de silicone proporciona uma consistência para o seio mais natural do que o soro fisiológico. Além disso, o soro poderia "vazar" com mais facilidade do que o silicone e prejudicar o volume final do seio.
Ferreira aponta outro problema com as próteses salinas. Para ele, a experiência com o material ainda é restrita, o que torna difícil prever o que pode acontecer daqui a dez anos com as mulheres que estão recebendo esse tipo de implante.
Alberto de Luiz, cirurgião plástico da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, diz que também prefere as próteses de silicone.
Segundo de Luiz, esse tipo de prótese tem um resultado estético superior, dificilmente traz complicações clínicas e continua a ser a primeira opção na Europa.
Paulo Toyosi Nishimura, cirurgião plástico da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e um dos pioneiros no uso das próteses salinas no Brasil, diz que o resultado estético com esse tipo de material é tão bom quanto o silicone.
Nishimura diz que o novo método apresenta ainda uma série de vantagens. A incisão e a cicatriz são menores (a prótese é implantada vazia) e as novas próteses têm válvulas especiais que impedem vazamentos. Além disso, o soro fisiológico seria menos prejudicial ao organismo do que o silicone.

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