São Paulo, domingo, 5 de novembro de 1995
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Discussões envolvem governo

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

As discussões sobre a reestruturação do sistema financeiro têm envolvido banqueiros, congressistas e o governo.
Todos sabem que nada será como antes no mercado se a estabilidade do Real perdurar.
Os primeiros negociam entre si -à mineira, como de praxe- eventuais fusões ou aquisições.
Os deputados e senadores debatem a regulamentação do artigo 192 da Constituição, tratando de assuntos polêmicos como a independência do Banco Central e o tabelamento dos juros reais em 12% ao ano.
E o governo, por último, quer criar um mecanismo de seguro de depósito -previsto na Constituição- e pretende incentivar as fusões bancárias.
Colabora com os debates o dono da Brasilpar Serviços Financeiros, Roberto Teixeira da Costa, primeiro presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O empresário defende o fim dos bancos controlados por famílias ou pessoas -caso típico do Econômico, de Ângelo Calmon de Sá.
"O controle dos bancos tem de ser pulverizado", afirmou Teixeira da Costa na semana passada, durante seminário sobre riscos do sistema financeiro.
O fim do personalismo nos bancos estaria por trás da comentada fusão de duas grandes instituições privadas. Ambas têm gestão profissionalizada há muitos anos, embora sejam controladas por tradicionais famílias mineiras.
Privatização
O consultor Alberto Borges Matias acrescenta um tópico interessante às discussões: a necessidade de se "privatizar" o sistema financeiro.
"O mercado nacional ainda é estatal demais. O maior banco do país ainda é, de longe, o Banco do Brasil", observa Matias.
Outra distorção é a concentração das operações dos bancos privados. Em junho passado, os dez maiores respondiam por 70% do volume de empréstimos desse grupo. Somente 13 instituições concentravam 80% dos depósitos totais.
(MG)

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