São Paulo, domingo, 5 de novembro de 1995
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A moeda única da Europa

ÁLVARO ANTÔNIO ZINI JR.

A idéia de uma moeda única com circulação livre por todo o território europeu é antiga. O renascimento da tese nos anos 70 deveu-se à visível expansão do comércio intra-Europa.
Mas a idéia não é nova: no século 19, por exemplo, a libra inglesa desempenhou esse papel. O centro do sistema de empréstimos internacionais indubitavelmente era Londres.
Hoje, os ingleses parecem temer a moeda única e dizem abertamente que não vão tomar parte. Afinal, a Inglaterra nunca foi mesmo da Europa continental e vai continuar insular.
Se a idéia da moeda única vingar, como querem alemães e franceses, o que praticamente garante o sucesso da iniciativa, pode ser que seja criado um banco central com sede em Bruxelas, dominado por funcionários franceses, mas com a diretoria de pesquisa só com alemães. Que bela salada russa!
Evidentemente ninguém da Europa Oriental está sendo convidado para esse debate. Antes eles precisam construir economias de mercado.
Como ficará o sistema financeiro internacional se essa moeda única for criada e mantiver uma paridade constante, ao menos com as moedas européias?
Hoje, o principal problema do comércio internacional não é a falta de moedas conversíveis. Até o real já pode ser trocado no exterior.
O que realmente preocupa são as grandes oscilações na paridade entre o dólar, o marco e o iene. Essas flutuações não seriam nem maiores nem menores do que vêm sendo na última década. A moeda única européia não altera esses dados.
Nos primeiros anos, possivelmente, essa moeda existirá apenas para registros contábeis, assim como a URV no ano passado no Brasil. Mais para a frente, se todos concordarem, a moeda única da Europa será emitida. Até lá ainda se vão de 10 a 20 anos.
Mais revolucionária é a mudança que estamos vendo em todas as partes dos pagamentos debitados automaticamente em nossas contas correntes. No limite, isso tende a levar à eliminação do dinheiro.
Pobre dos batedores de carteira. Estarão todos desalojados, em "desemprego estrutural", por uma revolução tecnológica. E tem gente que teme inovações...

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