São Paulo, domingo, 5 de novembro de 1995 |
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Dissidentes usam Internet
FERNANDO RODRIGUES
Os economistas cubanos escrevem suas análises e entregam para alguém que vai sair do país. Ou ditam o texto por telefone para alguém no exterior. O processamento dos dados é feito por um grupo de professores na Universidade de Miami, no Estado da Flórida (Estados Unidos). Em Cuba, essas pessoas são consideradas dissidentes do regime. São procuradas pela polícia e ameaçadas de prisão. Mas nada de prático foi feito até agora. O grupo pediu autorização para criar uma entidade, a Associação Nacional de Economistas Independentes de Cuba (Aneic), em 21 de abril de 94. O governo não respondeu até hoje. Na dúvida, os economistas continuaram a trabalhar sem autorização. O presidente da Aneic, Pedro Rodolfo López Rodriguez, 50, recebeu a Folha no dia 25 de outubro passado. López disse que todos os economistas continuam a trabalhar nos seus empregos anteriores à fundação da Aneic. E que a associação não recebe doações nem tem objetivos políticos. "Nosso objetivo é analisar a economia sem qualquer intenção política. Tudo o que fazemos é ordenar os dados divulgados esparsamente pelo governo", diz. Um desses estudos é devastador para o regime comunista de Fidel Castro. Mostra, segundo análise da Aneic, o número real de desempregados do país. Segundo a associação, há 3.207.600 desempregados em Cuba atualmente. Isso equivale a 51,6% da população economicamente ativa (em idade de trabalhar). Cuba tem 6.213.800 habitantes considerados aptos para o trabalho. Entre os 3,2 milhões que estão sem emprego, 36,1% são homens, e 63,9% são mulheres. López diz que já recebeu a visita de policiais três vezes em sua casa nos últimos 12 meses. (FR) A Aneic pode ser contatada no seguinte endereço eletrônico (e-mail) na Internet: GT6S4D6M@ UMIAMI.IR.MIAMI.EDU Texto Anterior: Nova burguesia pode apressar mudanças Próximo Texto: País sofre embargo dos EUA desde 62 Índice |
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