São Paulo, domingo, 5 de novembro de 1995
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País sofre embargo dos EUA desde 62

Alimento é controlado pelo governo

FERNANDO RODRIGUES
DO ENVIADO ESPECIAL

A história recente de Cuba é diretamente associada ao embargo imposto ao país pelo governo dos EUA em outubro de 62.
Pelo embargo, nenhuma empresa dos EUA pode fazer negócios com Cuba e turistas não podem visitar o país.
Essas restrições duram até hoje. Seus maiores defensores são cubanos exilados nos EUA. Entre exilados e descendentes, já há quase 2 milhões.
Em 59, no dia 1º de janeiro, Fidel Castro e outros revolucionários tomaram o poder na ilha. Organizaram um regime de partido único e suprimiram várias liberdades individuais.
Cuba não tem eleições livres. Uma pessoa pode ser presa só por se dizer contra o governo.
Fidel Castro argumenta que o país faz isso para se defender das ameaças externas. Os EUA dizem que levantam o bloqueio quando houver abertura política.
Enquanto o impasse continua, os 11 milhões de cubanos aprenderam a viver em privação. Só se come o que o governo produz ou importa. Um exemplo é a carne subsidiada pelo governo. O "picadillo" é uma mistura (60% a 80%) de proteína de soja texturizada com carne recuperada.
Carne recuperada, importada da França, é toda a carne que sobra grudada no osso dos animais abatidos -depois de retirados os pedaços inteiros do produto.
"A soja tem o mesmo valor protéico da carne, com a vantagem de não ter colesterol", explica Rogerio Tieppo, que exporta soja texturizada do Brasil.
O problema é o gosto. "De fato, fica ruim, apenas de soja. Mas isso é porque em Cuba falta carne para fazer uma mistura mais equilibrada", afirma.
Os cubanos, ao longo do isolamento, aprenderam a usar a criatividade. Faltou combustível nos anos 90. Fidel importou mais de 1 milhão de bicicletas da China.
Recentemente, os ônibus sucatearam. Carretas para transportar automóveis foram adaptadas. São chamados de camelos e transportam até 350 passageiros.
Há as soluções curiosas. As sete únicas casas de câmbio criadas há duas semanas parecem existir mais para complicar do que para facilitar a vida do cubano. Quatro delas trocam pesos por dólares. As outras três, dólares por pesos.
(FR)

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