São Paulo, domingo, 5 de novembro de 1995
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dom rafael, o venturoso

RICARDO KOTSCHO

Ademir Bonassin, 35, motorista faz-tudo, já estão à sua espera para mais uma viagem do prefeito pela sua Curitiba -bem-cuidada senhora de 302 anos, 1.315.035 filhos e 431 km2, famosa por estar lançando sempre moda em urbanismo, cultura e convivência social. Blazer marinho, suéter vinho, camisa e jeans azuis, seu figurino preferido, combinando com o gênero garotão de 39 anos, lá vai Greca em direção à rua Saldanha Marinho e ao seu passado.
O avô materno, também Raphael, só que com a grafia antiga, italiano de Murano, ajudou a colocar os paralelepípedos nesta rua.
Para cada rua, cada canto, ele tem uma história -ou um projeto. Memória e sonho se confundem, às vezes na mesma frase. "Vou tirar pedras daqui para colocar na nova sede do Museu Paranaense", anuncia, solene.
Dali a dois dias, Curitiba iria receber 400 personalidades, como sede da conferência anual promovida pelo Centro das Nações Unidas para Assentamentos Humanos, organização da ONU conhecida por Habitat. Poucas cidades já tiveram o privilégio de sediar esse encontro, que discute o destino das metrópoles.
Greca estava preocupado com a ameaça de chuva, lembrando nervosismo de mãe de noiva às vésperas do casamento. Até o presidente Fernando Henrique, imaginem, tinha confirmado presença. Se chovesse, como terminariam a pintura do Farol da Cidade, primeiro terminal informatizado, com 30 computadores ligados à Internet? Greca tem mania de detalhes e de faróis, mas não apenas aqueles de trânsito.

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