São Paulo, segunda-feira, 6 de novembro de 1995
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Programa facilita a venda do Econômico

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional) irá viabilizar a venda do Banco Econômico.
A resolução 2.208 do Banco Central, que instituiu o Proer, prevê que BC irá dar liquidez (trocar por dinheiro) aos títulos podres federais (dívidas de longo prazo) nas carteiras de bancos em negociação.
"Certamente o programa irá acelerar a venda do Econômico", disse o diretor de Política Monetária do BC, Alkimar Moura.
Os créditos podres serão usados como lastro de uma linha especial de financiamento para operações de compra e fusões de bancos. Quem comprar o Econômico, por exemplo, contará com financiamento vinculado às dívidas de longo prazo do governo.
O Econômico, sozinho, tem R$ 1,6 bilhão a receber do FCVS (Fundo de Compensação de Variações Salariais).
O FCVS é um instrumento do SFH (Sistema Financeiro da Habitação) para compensar os bancos quando os reajustes das prestações da casa própria seguem os aumentos salariais dos mutuários e ficam abaixo da correção monetária prevista no contrato.
Dívidas do FCVS são moedas podres, pois o fundo não dispõe dos recursos previstos (cerca de R$ 20 bilhões). Em negociações dos bancos com a Caixa Econômica Federal, o FCVS só vira dinheiro vivo com deságio de 70% sobre o valor devido.
O governo não definiu o deságio das moedas podres que serão utilizadas pelos bancos no Proer, mas garante que a troca não será pelo valor de face dos títulos.
"É claro que haverá deságio, pois os papéis federais são negociados com desconto no mercado financeiro", afirmou Alkimar.
No caso do Econômico, a questão do deságio é muito relevante. O governo tem garantias para cobrir somente R$ 1,9 bilhão dos R$ 3,5 bilhões injetados pelo BC antes da intervenção. Os R$ 1,6 bilhão restantes poderão ser cobertos com as demais moedas podres em poder do banco baiano.
Antes da intervenção, o BC fez, sem sucesso, proposta nesse sentido ao banqueiro Ângelo Calmon de Sá, dono do Econômico.
Também antes da intervenção, os grupos Odebrecht, Ultra, Suzano e Mariani tentaram fechar acordo para a compra do Econômico por R$ 160 milhões, utilizando créditos podres contra a União.
Criticada, a compra acabou sendo vetada pelo próprio governo.

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