São Paulo, segunda-feira, 6 de novembro de 1995
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"Governo financia o desemprego"

Para sindicalista, bancos ganham

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

"O governo está financiando o desemprego e para o setor que mais lucrou nos últimos dez anos", disse o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ricardo Berzoini, após tomar conhecimento da MP (medida provisória) que estimula a fusão dos bancos.
"Tanta gente precisando de empréstimo barato, e o governo resolveu praticar assistência social com os banqueiros."
Segundo ele, "hoje, só por conta do aumento da produtividade com automação", os bancos já demitem cerca de 50 mil bancários ao ano. "A MP vai aprofundar esse quadro, no médio e longo prazo", calcula.
Há 590 mil empregados no sistema financeiro brasileiro. Somente a fusão de dois grandes bancos, segundo Berzoini, poderia resultar na demissão de 10 mil bancários.
"Em qualquer país civilizado, um crédito público à fusão de bancos só seria concedido com a garantia da manutenção do emprego. Mas o governo parece estar preocupado só em salvar os donos de bancos."
Para ele, a MP foi baixada com tanta urgência, no meio de um feriado prolongado, para atender justamente às necessidades de negociação de grupos que já têm sua fusão preparada.
"Em vez de resolver o problema da baixa liquidez do sistema reduzindo o compulsório, o governo opta por financiar o risco do grande capital."
Para ele, o seguro depósito é mecanismo "mais do que eficaz" para assegurar a segurança do pequeno poupador. "Não é com ele que o governo está preocupado ao baixar a MP."
Ele acredita que os ganhos de produtividade dos bancos teriam de ser divididos com a sociedade e não concentrados.
Para Berzoini, o governo já ajuda e esconde bancos com problema de liquidez. "Eles não têm mais de recorrer ao redesconto. Podem comprar CDIs (Certificados de Depósitos Interbancários) dos federais."

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