São Paulo, segunda-feira, 6 de novembro de 1995
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FHC busca atrair empresários argentinos

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES

O presidente Fernando Henrique Cardoso vai cutucar hoje, por acaso, um fantasma que assombra os argentinos, a "Brasil-dependência", expressão recorrente em artigos e entrevistas nos jornais.
FHC reúne-se com o "Grupo Argentina", recém-criado pelo empresariado local, atraído "pelas novas oportunidades oferecidas pela economia brasileira a partir do Plano Real".
É um grupo significativo, a ponto de incluir até Rafael Blanco Villegas, presidente da UIA (União Industrial Argentina).
É também um pessoal muito incomodado com a persistência da recessão na Argentina.
No segundo trimestre do ano (último dado oficial disponível), a economia sofreu uma contração de 3,7%.
É natural que, ante a anemia interna, o empresariado argentino se deixe seduzir pelo Brasil, ainda mais ao receber o indefectível afago do presidente.
Inevitável, em consequência, a retomada da expressão "Brasil-dependência".
A economia argentina já vem respirando muito pelos pulmões do vizinho do Norte.
Este ano, o Brasil vai "se consolidar como primeiro mercado para as exportações argentinas (cerca de 30%), assumindo uma porção de nossas vendas que só tem um exemplo similar no Reino Unido, na década de 30", escreve o embaixador argentino no Brasil, Alieto Guadagni.
Guadagni garante, não obstante, que "não há perigo de Brasil-dependência", título de recente artigo seu para o jornal especializado "Ambito Financeiro".
Com menos certezas, Jorge Campbell, secretário de Relações Econômicas da Chancelaria, pondera que o fato de o Brasil ter deslocado a União Européia como primeiro mercado argentino "não implica Brasil-dependência e, em todo caso, se houvesse, haveria que discutir se é bom ou mau".
No empresariado, há quem ache que é mau. Franco Macri, da montadora de autos Sevel, chegou a dizer ao jornal "Clarín" que "a Argentina é quase uma Província (Estado) do Brasil".

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