São Paulo, segunda-feira, 6 de novembro de 1995
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Desenvolvimento social e educação

RUY MARTINS ALTENFELDER SILVA

O relatório sobre desenvolvimento social elaborado pelo governo brasileiro e apresentado na cúpula mundial realizada em Copenhague, em março de 1995, não deixa dúvidas de que o analfabetismo, que atinge 20,2 milhões de pessoas com dez ou mais anos no país, continua a ser um enorme desafio.
A persistência desse quadro deveria motivar todos aqueles que têm alguma responsabilidade a fazer uma reflexão séria e procurar saídas rápidas e eficazes. O ponto de partida dessa reflexão pode ser a constatação de que o combate ao analfabetismo -e o incentivo à educação como um todo- não é tarefa apenas do governo ou do sistema formal de ensino, mas deve mobilizar todas as instituições que possam de alguma forma dar a sua contribuição.
Porque eliminar o analfabetismo não é apenas uma questão humanitária, uma forma de se oferecer ao analfabeto melhores oportunidades no mercado de trabalho. Trata-se de uma questão que diz respeito ao nosso futuro comum, às nossas chances de nos firmarmos, num cenário mundial em rápida transformação, como nação capaz de competir em igualdade no plano econômico e de distribuir internamente os frutos do desenvolvimento.
É a noção dessa responsabilidade que explica, por exemplo, o trabalho realizado pelo Sesi e pelo Senai, instituições criadas, mantidas e gerenciadas pelo empresariado da indústria, e que, só no Estado de São Paulo, mantêm 18 mil professores e funcionários e quase 1,2 milhão de alunos.
O Sesi é hoje a maior rede privada de ensino do Estado e do país e o Senai, a mais importante instituição de ensino técnico-profissional do Terceiro Mundo.
O governo está agora dando um passo importante na área educacional, com o Plano de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, lançado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, no Dia do Professor.
Pretende-se disciplinar a distribuição dos recursos destinados ao ensino de primeiro grau e definir o que é responsabilidade do município e do Estado.
A intenção é fazer com que, dos 25% da arrecadação destinados compulsoriamente à educação, 15% sejam aplicados exclusivamente no ensino de primeiro grau e que se calcule o salário do professor pelo custo anual do aluno.
Pelo plano, serão investidos 300 reais por aluno, durante o ano, o que asseguraria um salário médio também de 300 reais.
No último dia 11, o Ministério da Educação lançou o "Prêmio Incentivo à Educação Fundamental", destinado aos professores do primeiro grau que se destaquem por seu desempenho pedagógico, como mais um instrumento de valorização dos que se dedicam à educação.
A Fundação Moinho Santista patrocinará esta iniciativa do ministro Paulo Renato de Souza, garantindo ao novo prêmio a mesma isenção, seriedade e imparcialidade do Prêmio Moinho Santista, que promove há 40 anos.
O governo vai fazendo a sua parte e é preciso que cada qual defina a melhor forma de contribuir nessa tarefa, permitindo ao país resgatar a dívida social e consolidar as bases do progresso permanente.

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