São Paulo, segunda-feira, 6 de novembro de 1995 |
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Corante de balas e doces pode causar alergias
DANIELA FERNANDES
Esse é o resultado de um teste realizado pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), que analisou 14 tipos de bala vendidos no país. O teste constatou a presença de sete corantes artificiais que são permitidos no Brasil e proibidos em vários países. O uso de corantes é regulamentado pelo Codex Alimentarius, órgão das organizações de alimentação e saúde das Nações Unidas. O Codex classifica esses aditivos alimentares, recomendando os que podem ser consumidos. Sua utilização fica a critério do país. A classificação do Codex é sempre atualizada. No Brasil o uso de corantes foi regulamentado em 1965, mas só em 1987 houve uma revisão da legislação, proibindo a utilização de cinco outros corantes, de acordo com o Idec. O Ministério da Saúde diz que o Brasil segue as recomendações do Codex, que em seu último estudo, em 1994, continuou permitindo a utilização dos sete corantes. "Devido à evolução científica e tecnológica, muitos corantes que eram considerados inócuos (inofensivos) deveriam hoje ser proibidos por afetar a saúde dos consumidores. O Brasil deveria evitar que aditivos rejeitados por outros países sejam liberados aqui", afirma o português Mário Frota, presidente da Associação Internacional de Direito do Consumidor. O pediatra e toxicologista Anthony Wong, 48, afirma que os corantes afetam somente uma pequena parcela da população. São pessoas com tendências alérgicas, problemas de tireóide, crianças hipercinéticas (hiperativas e irrequietas), que podem ter seu estado agravado. As reações no organismo dessas pessoas não dependem da quantidade ingerida. A legislação permite o uso de 0,01 grama de corante por 100 gramas de produto. "A indústria poderia usar outras substâncias para obter o mesmo resultado, como ocorre nos países onde eles foram proibidos", diz. José Schmidt, 38, gerente técnico da Q-Refresco, diz que a empresa usa corantes permitidos pela legislação e tem seus produtos registrados no Ministério da Saúde. A Nestlé afirma que o Bordeaux S -da bala Xaxá- é admitido pelas Nações Unidas. A Suíça, sede da Nestlé, proíbe o uso do corante azul brilhante, liberado no Brasil. Iracema Florence, 84, tem o hábito de comprar balas para seus bisnetos. "Compro em função da marca e não da cor", diz. Iracema soube pela Folha que alguns corantes utilizados no Brasil são proibidos no exterior. "Vou prestar atenção nisso na próxima compra." Texto Anterior: WALTER CENEVIVA Próximo Texto: Identificar ingredientes é difícil Índice |
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