São Paulo, segunda-feira, 6 de novembro de 1995 |
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'Mulher precisa de sexo', diz presa
DA REPORTAGEM LOCAL Valdete Barbosa, 38, passou seis anos imaginando o dia em que receberia o marido na cela arrumada com tapetes e retratos na parede. "Era um sonho."Valdete tem três filhos, foi presa por furtos e deve sair da cadeia no próximo mês. Maria Luz Leon Vivancos, 28, presa por tráfico de drogas, tem marido e uma filha que toda semana vêm visitá-la. Em cada domingo, Maria se prepara para receber o marido. "A mulher precisa de sexo", ela diz. "Um relacionamento íntimo poderia conservar nosso casamento." Renagilda Ribeiro de Paula, 30, diz que anda muito nervosa por causa da falta que o marido lhe faz. Ela tem três filhos e está presa há quase três anos, condenada por tráfico de drogas. "A gente se abraça no corredor e eu fico mais atacada ainda." Vera Lúcia Silva Gomes, 37, está há 4 anos na cadeia e tem outros 17 pela frente. É divorciada, mas defende a visita íntima. "É um direito de todas as mulheres." Vera, Renagilda, Maria e Valdete estão na Casa de Detenção Feminina do Tatuapé junto com outras 208 mulheres. Mas dentro do presídio não é a maioria que reivindica o direito à visita íntima. V.L.C., 36, presa há três anos por furtos, diz que jamais receberia o marido em sua cela. "Não há clima para amor e intimidade na cadeia. Minha mãe e minhas irmãs nem vêm me ver de vergonha." Cristiane Aparecida da Silva, 27, condenada por tráfico de drogas, também não quer visitas íntimas. "Lugar de amor é outro. Prefiro passar vontade." Angela S, 32, tem outro argumento: o perigo do vírus da Aids, que infecta 45% das presas. Ela mostra as unhas caindo que disfarça com esmalte. "Quem me vê assim não desconfia que estou doente. Se for para a cama comigo, pode sair com a Aids." Texto Anterior: Detentas não têm direito a visita íntima Próximo Texto: Rio promove atos de apoio a famílias Índice |
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