São Paulo, segunda-feira, 6 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Magrão, Ronaldo e Paz

JUCA KFOURI

A família palestrina tinha mesmo motivo para estar injuriada com o centroavante Magrão no meio da tarde de sábado. Afinal, desde os notáveis três gols que ele marcara no Corinthians, na segunda fase do Paulistão deste ano, nunca mais ele dera uma grande alegria aos palmeirenses. E acabara de perder um pênalti que daria o empate ao Goiás, clube que o levou emprestado e que, nas imprecações do momento, deveria vir a ser sua morada definitiva.
Qual o quê! O futebol transforma a mais cava das depressões em entusiasmo alucinante. Lá estava o Magrão fazendo o gol da vitória goiana e mantendo mais vivo o sonho do tricampeonato, impedindo que o Corinthians faturasse um valioso ponto como o que o Botafogo conquistou em Criciúma.
Para Magrão, portanto, todas as honras da rodada e a atenção de Wanderley Luxemburgo para a temporada que vem. Não será ele o 9 que está faltando no Parque Antarctica desde que Evair voou para o Japão?
Os corintianos acham que não. Mas o Corinthians sabe que sim.

Ajax e PSV fizeram o jogo mais importante do futebol mundial no fim-de-semana. E quem quis ver o campeão europeu, que tem só o Grêmio pela frente para ser campeão mundial, acabou vendo um PSV melhor no primeiro tempo e, sobretudo, um Ronaldinho exuberante.
Fantástico no domínio de bola, no arranque, no passe, no arremate final, o ex-cruzeirense não permite dúvida a Zagallo sobre quem deva fazer a dupla de ataque brasileira diante da Argentina, na quarta-feira, ao lado de Bebeto. Por mais que Túlio esteja em ótimo momento, a diferença de Ronaldo para Túlio é a mesma que existia entre Tostão e Dario, em 1970, ou entre Reinaldo e Serginho, em 1982. Com todo respeito aos artilheiros, os gênios têm preferência.
Zagallo precisa chamá-lo para uma conversa e avisá-lo de que é o titular absoluto pelo menos até que Romário se decida sobre o que quer na vida. Porque, aí sim, a diferença é sutil e a experiência e malandragem (no bom sentido) do baixinho rubro-negro ainda devem pesar a seu favor.

Se o PSV quase pôde, o Grêmio pode. Ah, se pode.

Fanáticos são fanáticos em qualquer parte do mundo. Boçais também -nas torcidas organizadas, nas seitas religiosas e nos partidos políticos.
A estupidez que matou Yitzhak Rabin é mais uma prova. Shalom!

Texto Anterior: Culpar o juiz pela derrota é falta de senso
Próximo Texto: Defesa falha e Palmeiras perde para o Atlético-MG
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.