São Paulo, segunda-feira, 6 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Rara exceção entre os homens de preto

MARCELO FROMER; NANDO REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

O festival de atrocidades parece não ter fim. Podemos creditar, sem nenhum exagero, uma grande parte destes problemas à incapacidade de nossos juízes em conduzir um jogo de futebol.
Na semana passada comentamos sobre a estupidez do cartão amarelo aplicado aos jogadores que se entusiasmam na comemoração de seus gols. Um típico exemplo de como o caráter interpretativo da arbitragem somado à autoridade da função dá margem a excessos e abusos. Coisa que não tem nada a ver com o pulso firme necessário para sacar do bolso o cartão, seja lá em que momento e por qual motivo.
Outro aspecto que merece atenção é quanto ao preparo físico desses juízes, muitas vezes mais parecidos com pequenos barris de chope do que propriamente com árbitros.
Quantos lances capitais passam despercebidos pela má colocação decorrente do mau condicionamento físico? Inúmeros.
Mas, para não parecer que a má qualidade dos árbitros é uma regra sem exceções, citaremos um exemplo de um apito afinado pelo diapasão das regras, trinado pela mesma mão que sacava precisamente cartões de sua cartucheira.
Estamos falando da atuação de Epifânio González, que apitou o jogo entre Flamengo e Nacional. O jogo começou quente e uma série de cartões amarelos bem distribuídos amansou as feras sem que fosse necessário meter o dedo no nariz de nenhum jogador ou distribuir sopapos para conquistar respeito.
E só precisou sacar o vermelho no último minuto, quando um jogador do Nacional, já agraciado com o amarelo, insistiu na jogada perigosa. Coisa fina!
Hoje está em questão a alteração de algumas regras, e uma delas discute o limite do número de faltas. Não gostamos em absoluto da idéia da cobrança de tiro livre direto e sem barreira na entrada da área após a 12ª falta.
O número de faltas parece aleatório e o espírito do jogo seria estruturalmente pervertido.
Outra idéia que não nos parece relevante é a penalização de um 0 x 0 com zero ponto para esse tipo de empate.
Absurdo! Temos que conviver com a hipótese de uma partida medíocre terminar sem gols, tanto quanto a possibilidade de um jogo eletrizante onde o gol não sai, seja por acaso, seja por obra da excelência dos goleiros, capricho das traves, uma jornada inspirada de um quarto-zagueiro ou outras tantas variáveis que fazem parte do jogo. Quantas vezes 1 x 1 não foi bem pior do que um 0 x 0?
A respeito do número excessivo de faltas, basta um juiz sério, com conhecimento das regras e em boa forma, para que aniquilemos esse problema. Procuram-se juízes!
Com um pouco mais de seriedade e com invenções que não sejam obra de malabaristas, talvez consigamos manter acesa a chama do futebol.
Enviem suas cartas-sugestões para a nossa nova campanha que quer encontrar soluções mais inteligentes para o nosso futebol, pois a bola é o sol!!

Cartas para esta coluna podem ser enviadas para a editoria de Esporte, al. Barão de Limeira, 425, 4º andar, São Paulo, SP, CEP 01290-900

MARCELO FROMER e NANDO REIS são músicos e integrantes da banda Titãs

Texto Anterior: Cidade inglesa se veste de verde e amarelo
Próximo Texto: Lazio perde a invencibilidade para Fiorentina
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.