São Paulo, segunda-feira, 6 de novembro de 1995
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Rumo ao masculino

CIDA SANTOS

A Copa do Mundo está mostrando que o vôlei feminino está cada vez mais próximo do estilo masculino: muita força no saque e no ataque, menos tempo de bola em jogo. Os pontos diretos de saque também estão mais frequentes em um mundo que sempre se diferenciou do masculino por ter mais defesa. Um exemplo: na estréia contra a Croácia, o Brasil fez sete pontos de saque. Quase meio set.
As cubanas, que pareciam atravessar um 95 sem brilho, também apresentam novidades. O time introduziu os ataques de fundo e mostrou mais velocidade. Resultado: está com uma campanha perfeita. Não perdeu nenhum set e já enfrentou Brasil e EUA.
Vale a pena lembrar que Cuba é a única seleção na elite do vôlei que joga com duas levantadoras. Quando uma delas vai para a rede, transforma-se em atacante e a função de levantar fica com a que está no fundo. Você pode imaginar o que significam as bolas de fundo em uma seleção que já joga sempre com três atacantes na rede? No mínimo, muito trabalho para o bloqueio adversário.
Mireya Luis, que alcança uma bola a 3,35 metros do chão, está recuperada do ombro e de volta à boa forma. Um dos lances mais impressionantes foi registrado pela TV japonesa no jogo entre Cuba e Brasil. As câmeras focalizaram o ataque de Mireya em três ângulos. Nos três, o que se pôde ver foi um verdadeiro vôo da cubana, passando quase meio metro acima de um bloqueio triplo do Brasil.
Não à toa, uma das frases mais significativas nestes primeiros dias do torneio partiu do técnico Bernardinho logo após a derrota do Brasil. "As cubanas nos lembraram que são as melhores do mundo", disse ele, que tem até um retrospecto favorável diante de Cuba: sete vitórias e cinco derrotas.
A derrota para as cubanas não atrapalha o percurso da seleção em busca da classificação para a Olimpíada. Afinal, são três vagas em jogo. E Cuba é bola certa na conquista de uma delas. O problema foram as derrotas dos EUA para a Coréia do Sul e Croácia, que podem embolar a disputa.
Para não correr riscos, a seleção brasileira precisa ganhar nesta próxima madrugada dos EUA. Mais: como o torneio é turno único, tem que superar quem tenha vitória sobre as norte-americanas, como a Coréia do Sul. Uma tarefa nada fácil. Depois, é só caprichar contra Holanda e Japão. Feito isso, pode até perder para a China porque os outros adversários são moleza: Peru, Egito e Canadá.

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