São Paulo, segunda-feira, 6 de novembro de 1995 |
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Israel repete tragédia egípcia
JAIME SPITZCOVSKY
Assassinado por fundamentalistas islâmicos aterrorizados pela paz entre Israel e Egito, Sadat pagou com sua vida pela pioneira ousadia de optar pelo diálogo com o ex-inimigo, e sua morte não sacrificou o caminho de pacificação entre israelenses e egípcios. A morte de Rabin também não deve interromper a maré de reconciliação do Oriente Médio, e a tragédia pode até mesmo dar um novo empurrão para essa tendência. Amplos setores da sociedade israelense desconfiavam do processo de paz, mas sem rejeitá-lo. O assassinato de Tel Aviv pode ajudar a tirar algumas dúvidas. A morte de Rabin mostrou que a alternativa à paz são os grupos extremistas, lunáticos, que ameaçam jogar Israel no caos e na contra-mão da história. O clima de comoção e indignação também vai empurrar de volta para o processo político israelenses que se afastavam gradativamente da discussão sobre o futuro de Israel. Assim como em diversos cantos do planeta, a economia começava a monopolizar as preocupações de israelenses antes habituados a discutir somente o problema da sobrevivência do país. Fazer negócios se tornava mais desafiador do que buscar respostas para questões de segurança e geopolítica. O Likud, principal partido de oposição, acusava o primeiro-ministro Rabin de sacrificar a segurança de Israel em suas negociações com os palestinos. A tragédia de Tel Aviv mostrou que o problema de segurança pode vir de dentro das fronteiras israelenses, a partir de grupos inconformados com a estratégia praticada por um governo democraticamente eleito. O caminho da paz já atingiu um estágio depois do qual não há mais caminho de volta. Foi tal diagnóstico que levou extremistas ao ato de desespero: matar mais um líder do Oriente Médio que ousou fazer a paz com seu ex-inimigo. Rabin e Sadat foram homens de guerra, sobreviveram a batalhas encarniçadas nos desertos e territórios disputados por árabes e israelenses. Bravos do campo de batalha, ambos não conseguiram escapar da ira de covardes fundamentalistas judeus ou islâmicos que escolheram o caminho do terrorismo. Mas as mortes de Rabin e Sadat surgem como sacrifícios quase bíblicos para conseguir a paz no Oriente Médio. Texto Anterior: Atentado deve fortalecer processo de paz Próximo Texto: Novo premiê deve sair hoje Índice |
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