São Paulo, segunda-feira, 6 de novembro de 1995
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Israelenses vêem risco de choques

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os direitas israelenses advertiram ontem que Israel corre o perigo de sofrer uma guerra civil
"As afirmações de membros do governo de que a oposição de direita israelense incitou a opinião pública contra o governo, levando ao assassinato de Yitzhak Rabin representam um apelo à guerra civil", disse ontem Rafael Eitan.
Ele é o líder do partido Tsomet, de direita ao Partido Trabalhista de Rabin. Esta possibilidade também foi questionada, embora com temor, por estudiosos de grupos judaicos de extrema-direita.
"O que aconteceu, Deus me perdoe, poderá causar uma guerra entre nós, judeus", disse Shimon Ben-Zion, rabino de Kiryat Arba, cidade na Cisjordânia.
"É mais do que atrevimento dizer que quem matou Rabin era ligado à direita, é um chamado para a guerra civil", disse Eitan.
O ministro da Educação, Micha Goldman, e outros membros do governo culparam o partido conservador Likud (de oposição) por incitar os radicais.
O líder do Likud, Binyamin Netanyahu, pediu que os grupos radicais ficassem longe de Israel. "Vão embora, fiquem longe."
Ele disse em entrevista à rede de TV americana CBS reprovar incitamentos à violência. "Na democracia muda-se o governo com votos, não com balas."
Segundo Eitan, a oposição pediu que seus partidários interrompam as acusações de que Rabin traiu o povo judeu em suas negociações com os palestinos.
Numa manifestação de direita em Jerusalém, no mês passado, foram distribuídos cartazes com Rabin em uniforme nazista.
"Os fanáticos tomavam a sério os lemas anti-Rabin e o consideravam um traidor", disse o ex-prefeito de Tel Aviv Shlomo Lahat.
Ehud Sprinzak, professor da Universidade Hebraica de Jerusalém, afirmou que, apesar de chocados, a ideologia de muitos moradores de Kyriat Arba gerou o primeiro assassinato de um primeiro-ministro israelense.
Kyriat Arba, encrave na Cisjordânia, é o principal centro do Kach, grupo de extrema direita anti-árabe. O movimento foi fundado pelo rabino americano-israelense Meir Kahane, morto por um árabe em 1990, em Nova York (EUA).

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