São Paulo, segunda-feira, 6 de novembro de 1995
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Leia íntegra do último discurso

A Folha reproduz o último discurso de Yitzhak Rabin na manifestação pela paz, em Tel Aviv, proferido cerca de 90 minutos antes de ser atingido por dois tiros.
Foi uma das maiores manifestações de apoio a paz já realizadas em Israel. Cerca de 100 mil pessoas se reuniram na praça Reis de Israel, no centro de Tel Aviv para ver Rabin e, juntas, cantaram várias músicas de paz.
A seguir, a íntegra do último discurso de Rabin, em tradução cedida pela Embaixada de Israel em Brasília:

Permitam-me dizer que estou profundamente tocado. Eu gostaria de agradecer a cada um e a todos os que se encontram aqui hoje, para tomar uma posição contra violência e a favor da paz. Este governo, que eu tive o privilégio de liderar com meu amigo Shimon Peres, decidiu dar uma chance à paz. Uma paz que solucionará a maior parte dos problemas israelenses.
Eu fui um militar durante 27 anos. Eu fazia guerra enquanto não havia chance para a paz. Acredito que agora existe uma chance para a paz, uma grande chance, e nós devemos tirar proveito deste momento para aqueles que estão aqui e para aqueles que não vieram -e eles são muitos. Eu sempre acreditei que a maioria das pessoas quer a paz e está pronta para dar uma chance à paz.
E vocês, vindo aqui, juntamente com com os muitos outros que não vieram, provam que as pessoas verdadeiras querem a paz, não a violência. A violência corrói as bases da democracia israelense.
Ela deve ser condenada, sabiamente expugnada e isolada. Porque essa não é a forma de agir do Estado de Israel. Queremos democracia. Podem existir disputas pelo poder, mas o resultado será confirmado nas próximas eleições democráticas, como as eleições de 92, que nos deram o mandato para fazer o que estamos fazendo e continuar nesse curso.
Eu gostaria de dizer que estou orgulhoso pelo fato de que os representantes dos países com os quais estamos vivendo em paz estão conosco aqui presentes e continuaram conosco: Egito, Jordânia e Marrocos, que nos abriram os caminhos. Eu gostaria de agradecer ao presidente do Egito, ao rei da Jordânia e ao rei do Marrocos, hoje aqui representados, pela parceria na nossa marcha em direção à paz.
Mas, mais do que tudo, nos mais de três anos de existência desse governo, o povo israelense tem mostrado que é possível fazer a paz, que a paz não é apenas rezar, mas é o desejo do povo judeu, uma genuína aspiração pela paz. Existem inimigos da paz, que estão tentando nos atacar para torpedear a paz. Então quero esclarecer uma coisa: nós encontramos um parceiro para a paz entre os palestinos -a OLP, que era nosso inimigo e cessou seu contrato com o terrorismo.
Sem parceiros, não há paz. Nós exigiremos que que eles façam a sua parte, mas nós faremos a nossa, de modo a resolver o aspecto mais complicado, prolongado e emocionado do conflito árabe israelense: o conflito palestino-israelense.
Esse é um rumo repleto de dificuldades e dor. Para Israel, não há nenhum caminho sem dor. Mas o caminho da paz é preferível ao caminho da guerra. Eu digo isso a vocês como alguém que foi militar, alguém que é hoje o ministro da Defesa e vê a dor das famílias dos soldados da Força de Defesa Israelense. Por eles, por nossa crianças e, no meu caso, por nossos netos, eu quero que esse governo exaspere todas as entradas, todas as possibilidades para promover e alcançar uma paz compreensiva. Até com a Síria será possível fazer a paz.
Este comício deve transmitir para o povo israelense, para os judeus do mundo todo, para muitos do mundo árabe e, certamente, para o mundo todo, que o povo de Israel quer a paz, apóia a paz. Por isso, eu os agradeço.

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