São Paulo, segunda-feira, 6 de novembro de 1995
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Enterro reúne dezenas de governantes

JANA BERIS
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE JERUSALÉM

Acontece hoje, às 14h, horário local (10h de Brasília), o enterro do primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin, assassinado anteontem à noite por um extremista judeu, ao final de uma manifestação pela paz.
Reis, presidentes e primeiros-ministros de todo o mundo anunciaram ontem que devem comparecer ao funeral.
Segundo o ministro do Turismo, Uzi Baram, que coordena os funerais, cerca de 4.000 pessoas foram convidadas, incluindo 2.500 do exterior.
O presidente dos EUA, Bill Clinton, vai chefiar a maior delegação que comparecerá ao enterro. Estão confirmadas as presenças dos ex-presidentes Jimmy Carter e George Bush e da ex-primeira-dama Nancy Reagan.
O líder palestino Iasser Arafat, que assinou com Rabin no final de setembro os últimos acordos de paz para a devolução da Cisjordânia, considerava ir ao enterro.
Mas, segundo representantes da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), ele decidiu não comparecer por medo de provocar a reação de grupos radicais.
O presidente do Egito, Hosni Mubarak, confirmou sua participação na cerimônia, assim como o rei Hussein da Jordânia.
Estarão presentes ainda o chanceler alemão, Helmut Kohl, o primeiro-ministro britânico, John Major, o presidente francês, Jacques Chirac, e o primeiro-ministro espanhol, Felipe González.
O premiê da Rússia, Viktor Tchernomirdin, representará seu país. O presidente russo, Boris Ieltsin, em recuperação de problemas cardíacos, não poderá ir.
O corpo de Rabin foi levado ontem de Tel Aviv a Jerusalém. Em seguida, foi colocado na esplanada da Knesset (Parlamento) de Israel, onde a população fez sua última homenagem ao premiê.
Pessoas de todos os setores da sociedade, crianças e adultos, com semblante sério, já cansados de chorar, passavam um a um, detendo-se tristes em frente ao caixão.
"Nem todos aqui estão de acordo com a política do governo", disse uma jovem da cidade costeira de Haifa que foi a Jerusalém especialmente para a homenagem.
"A questão política não pode tirar nem um pouco da condenação e do repúdio pelo assassinato." A seu lado, uma menina de 5 anos era levada pelo pai nos ombros. Carregava um cartaz que dizia "todos ganharemos com a paz".
À frente, um grupo de adolescentes tinha de morder os lábios para não chorar. A poucos metros, jovens religiosos se reuniam para rezar, de olhos fechados.
Na praça onde aconteceu o atentado, milhares de pessoas estiveram presentes para condenar o crime. Uma grande fileira de velas foi acesa em torno do local.
Os que passavam de ônibus se detinham e faziam um minuto de silêncio. Onde anteontem aconteceu a manifestação pela paz continuava o enorme cartaz que dizia: "Sim à paz, não à violência".
A presença de importantes líderes durante o funeral converterá o enterro de Yitzhak Rabin em uma das operações mais complexas da história de Israel.
O funeral começará com uma cerimônia militar, cujo toque oficial será dado por uma sirene de dois minutos de duração, que deverá ser ouvida no país inteiro.
Rabin será enterrado no cemitério militar do monte Herzl (pronuncia-se rértzel), localizado no setor ocidental de Jerusalém.
Nesse cemitério estão os restos de Theodor Herzl, fundador do sionismo, movimento que deu origem ao Estado de Israel.

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