São Paulo, quinta-feira, 9 de novembro de 1995
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'Soldados' do tráfico patrulham morro após prisão de suposto líder

DA SUCURSAL DO RIO

Um dia após a prisão de Romildo de Souza Costa, o Miltinho do Dendê, "soldados" do tráfico de drogas no morro do Dendê, na Ilha do Governador (zona norte do Rio), guardavam pontos da favela segurando fuzis ostensivamente.
Com a prisão de Miltinho, 38, apontado pela polícia como o chefe do tráfico no Dendê, o clima no morro era de tensão. Dois policiais militares, que faziam guarda no pé do morro, recomendaram à reportagem da Folha que não subisse.
No alto do morro, a cerca de 50 m de onde estavam os primeiros "soldados", uma mãe deu uma bronca no filho quando o viu falando com o repórter. Aos gritos, mandou-o entrar imediatamente em casa. Um morador disse que o morro está tenso porque as pessoas não sabem quem vai suceder Miltinho na chefia do tráfico.
Os poucos moradores que se dispuseram a falar com a reportagem -sem se identificar- disseram que Miltinho era uma pessoa respeitada na favela.
Criado no morro, ele ajudava moradores mais carentes -dando cestas básicas e pagando a reforma de barracos. Mantinha também uma espécie de "paz armada".
O delegado titular da 37ª DP (Delegacia de Polícia), Altair Delamare, disse que a sucessão do tráfico no morro está indefinida.
Segundo o delegado, se Miltinho realmente lidera o Dendê, "é possível que indique alguém pra tomar conta do tráfico para ele".
Delamare afirmou que toda vez que morre ou é preso um líder do tráfico, "outros se aventuram a tomar conta do negócio".

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