São Paulo, quinta-feira, 9 de novembro de 1995
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Secretário chora morte de policial no Espírito Santo

SILVIA DE MOURA
DA AGÊNCIA FOLHA

Foi enterrado ontem, no cemitério Parque da Paz, em Vila Velha (ES), o corpo do policial Dair de Araújo Prado, 40. Ele foi morto durante uma fuga de 11 presos ocorrida na manhã de anteontem.
O policial estava chegando para trabalhar quando foi surpreendido pelos presos, rebelados após o banho de sol. Ele foi atingido no peito por um tiro de escopeta. Os presos fugiram em dois carros.
Segundo o assessor de imprensa da Secretaria da Segurança, José Carlos Bacchetti, o secretário da Segurança do Estado do Espírito Santo, general Luiz Edmundo Pinto de Souza Mello, teria chorado ao saber da morte do policial e alertado "aos bandidos para não mexer com seus homens".
Bacchetti disse também que o secretário "não quer perder nenhum policial civil ou militar que esteja sob suas ordens". De acordo com o assessor de imprensa, o secretário teria declarado que "iria atrás de todos que mexessem com seus policiais".
Os detentos também renderam o investigador Marinaldo Cardoso Santos e atiraram na perna do policial Domingos Andrade de Jesus, que passa bem. Dois fugitivos foram recapturados. Quatro foram mortos ao resistirem à prisão. Os outros cinco detentos continuavam foragidos até ontem à noite.
As declarações do secretário repercutiram na Assembléia Legislativa do Espírito Santo. A líder de bancada do PT e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia, deputada Brice Bragato, fez ontem um pronunciamento pedindo a exoneração do secretário.
Segundo o secretário da Comunicação, Otaviano de Carvalho, o governador Vitor Buaiz reafirmou seu compromisso com os direitos humanos e viu com "relativismo as declarações do general Mello"
Ainda segundo Carvalho, o governador não tem intenção de exonerar o general porque o secretário "está trabalhando sob orientações do próprio governador, respeitando os direitos humanos".
Procurados ontem por telefone pela Agência Folha, o secretário Luiz Edmundo Pinto de Souza Mello e o governador Vitor Buaiz não foram encontrados. O secretário teria comparecido ao enterro do policial e não havia retornado até o início da noite ao seu gabinete. O governador estava em viagem pelo Estado.

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