São Paulo, quinta-feira, 9 de novembro de 1995
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Dólar é vendido a 8 pesos no México

FLAVIO CASTELLOTTI
DA CIDADE DO MÉXICO

O peso mexicano se desvalorizou 5% ontem em relação ao dólar. Em casas de câmbio, a moeda norte-americana foi vendida a 8,00 novos pesos, 40 centavos a mais do que na terça-feira.
Trata-se da maior cotação desde dezembro, mês que marcou o início da crise mexicana.
No mercado interbancário (para operações de grande volume), a desvalorização do peso foi de 4,5%. O dólar fechou a 7,85 novos pesos a venda, ganhando 35 centavos em relação à terça.
Também ontem o Banco do México aumentou em 10,8 pontos percentuais a taxa de juros dos Cetes (títulos do Tesouro) a 28 dias. Seu rendimento anual passou de 43,4% para 54,2%, o que equivale a aumento de 25% na taxa.
Trata-se do maior incremento nos juros desde março, quando, em duas semanas, o dólar subiu 15% e os juros, 25%.
"Os juros são o único instrumento do governo para manter o dinheiro externo no país", disse o economista Adrés Peñaloza.
Para Alejandro Valenzuela, diretor de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, não há fundamento econômico que explique a instabilidade cambial das últimas semanas.
"A alta dos juros e do dólar é temporária e se deve ao nervosismo dos mercados financeiros em todo o mundo", disse ele ontem.
Valenzuela acredita que, passadas algumas semanas da divulgação do novo plano econômico, anunciado no dia 30 de outubro, os mercados vão se assentar.
Na opinião de Peñaloza, porém, o México ingressa de novo num círculo vicioso, em que se desconhece a ordem dos fatores.
"Já não sabemos mais se é a alta dos juros que está provocando a subida do dólar e a queda da Bolsa ou vice-versa", explica ele.
A Bolsa manteve sua tendência de baixa e caiu 1,65% ontem. A queda acumulada desde segunda é de 4%. Empresários reclamaram da "abusiva" alta dos juros e disseram que o setor financeiro impede, assim, qualquer tentativa de recuperação da economia real.

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