São Paulo, quinta-feira, 9 de novembro de 1995
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Jornais sírios moderam retórica sobre Israel

MICHAEL SHERIDAN
DO "THE INDEPENDENT", EM DAMASCO

Houve uma época em que ela se autodenominava "Síria firme e resoluta": um Estado árabe socialista, aliado a Moscou e comprometido com o confronto com Israel.
Hoje, a linguagem da imprensa síria oficial é moderada. "A única maneira de deixar o amargo passado com Israel ficar no passado é a paz justa e universal", escreveu o jornal do partido Baath após o assassinato de Yitzhak Rabin.
Outro jornal, o "Tishrin", escreveu em tom esperançoso que "a hora da verdade chegou para a direita radical israelense", à qual atribuiu a culpa pelo impasse nas conversações sírio-israelenses.
A Síria enviou uma mensagem a Israel após a morte de Yitzhak Rabin. O ministro sírio das Relações Exteriores, Farouq al-Sharaa, disse ontem ao chanceler britânico, Malcolm Rifkind, que ainda acredita na paz negociada.
Rifkind se reuniu a seguir com o presidente Hafez Assad, que repetiu a mensagem de que a Síria "fez opção estratégica pela paz".
Mas, na Síria, estratégia nunca se confunde com emoção. Jamais haverá manifestações poéticas entre sírios e israelenses.
No ano passado, o presidente Assad tomou a decisão ousada de autorizar conversações diretas entre o chefe do Estado-Maior sírio, general Hikmet Shehahi, e seu então colega israelense, Ehud Barak. Discussões subsequentes atolaram.
É provável que Barak seja o ministro da Defesa israelense, e suas credenciais talvez sejam o que o premiê interino, Shimon Peres, precisa para retomar conversações.
As negociações entre Síria e Israel chegaram a um impasse em parte porque tanto Assad quanto Rabin eram militares obcecados com os detalhes da segurança. Nenhum dos dois confiava no outro.
Em 1967, Yitzhak Rabin era chefe do Estado-Maior israelense na campanha-relâmpago em que Assad, então ministro sírio da Defesa, perdeu as colinas de Golã.

Tradução de Clara Allain

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