São Paulo, quinta-feira, 9 de novembro de 1995
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Máfia é lugar-comum sobre os sicilianos

DO CONSELHO EDITORIAL*; REPORTAGEM LOCAL

Depois de Garibaldi ter devolvido o orgulho aos cidadãos do lugar, crime organizado ocupou imaginário mundial
A Sicília foi sucessivamente invadida por vândalos, ostrogodos e finalmente por bizantinos.
Sob esse último domínio, a Sicília volta a florescer e são construídos os encantadores claustro e catedral de Monreal e a bela Capela do Paladino, entre outras obras.
Mas continuam as invasões. São os sarracenos e os cordoveses. Mas o legado muçulmano foi destruído em sua quase totalidade. Depois vieram os normandos, déspotas esclarecidos.
Segue-se um período de mais de um século de lutas religiosas e políticas, desencadeado no célebre massacre de 1282, denominado Vésperas Sicilianas.
Em 1409 inicia-se o período mais negro da história da Sicília, quando a ilha é submetida ao jugo da Espanha. Desse período ficou a semente da desconfiança em relação ao Estado, que acabou por gerar a máfia. Em 1860, Garibaldi (1807-1882) e seus "camisas-vermelhas" devolvem à Sicília sua auto-estima.
Máfia e família
Mas foi com a máfia que a maior ilha do Mediterrâneo se incorporou ao imaginário do mundo.
Em grande parte por culpa do cinema americano que, durante os anos 30, descobriu que figuras como o mafioso Al Capone rendiam boas bilheterias.
Mas quem deu drama e densidade para o tema, também no cinema, foi Francis Ford Coppola com "O Poderoso Chefão".
Filho de pais italianos, Coppola via a máfia como uma metáfora das corporações capitalistas. Só que com muito mais honra.
Até o Brasil teve seu momento de glória com os sicilianos. Foi quando o italiano Tomasio Buscetta foi preso por aqui. E se tornou o responsável por um grande golpe na organização, delatando vários de seus ex-companheiros.
Buscetta conseguiu se sair bem. Menos sorte teve o ex-premiê Giulio Andreotti. Acusado de envolvimento com o crime caiu em desgraça. Crime comprovado? Aparecer beijando um mafioso.

*Colaborou a Reportagem Local

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