São Paulo, quinta-feira, 9 de novembro de 1995 |
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Frutos do mar dominam menus da cidade
MAUREEN B. FANT
Pelo menos foi a impressão que tive na semana que passei em Lisboa com um companheiro, visitando restaurantes. Impressão semelhante à que teve o excêntrico inglês William Beckford. Ele escreveu em 1787: "Os portugueses precisam ter estômagos de avestruz para digerir as pilhas de comestíveis salgados com os quais costumam se empanturrar." O tema dominante na cidade são os peixes e crustáceos frescos do Atlântico, mas os restaurantes também servem bacalhau, porco, carne, frango e pato. E, durante o inverno, a presença da carne de caça também se faz notar. Solar dos Presuntos Fazendo jus a seu nome, esse pequeno restaurante azulejado, situado no coração do bairro da Baixa, ostenta presuntos ibéricos pendurados em sua janela principal. Mas o menu é constituído principalmente de frutos do mar. Fomos ao Solar dos Presuntos para almoçar num dia de semana e o encontramos repleto, com um ambiente que lembra uma "trattoria" fina. Assim que entramos no salão principal, vimos uma grande mesa de portugueses que atacavam com entusiasmo uma espécie de grande cozido de frutos do mar. Pedi a mesma coisa. Era uma feijoada de mariscos, com fartos pedaços de lagosta e camarão e enormes feijões brancos envoltos num molho de tomate leve. Meu companheiro experimentou outra especialidade da casa, caril de lagosta e gambás (camarões para os portugueses). Esse prato se revelou um caril reforçado de frutos do mar, bastante saboroso, mas o sabor estava no molho e não nos frutos do mar propriamente ditos. Mas as sobremesas eram melhores. Uma opção tradicional são as trouxas de ovos, que lembram crepes envoltas em melado de cana. Para experimentar uma cataplana fomos ao vilarejo de Porto Brandão. Partimos do Belém e atravessamos o rio Tejo numa balsa pitoresca em poucos minutos. Lá, fomos ao Frederico's, um restaurante dirigido por uma família, consistindo de um terraço e duas salas pequenas decoradas com azulejos e utensílios de cozinha como a cataplana -uma panela de cobre típica do Algarve, que lembra um pouco duas frigideiras fundas juntadas por uma dobradiça. Os alimentos são colocados em uma delas e a outra é a tampa, que se fecha hermeticamente durante o cozimento. Nossa cataplana veio repleta de tamboril e camarões, cozidos à perfeição pelos vapores fechados dentro dela. Também experimentamos a açorda de mariscos. Em sua versão mais simples, a açorda é uma papa de pão frito umedecido com caldo e ligado com gemas. Mas, quando se acrescentam camarões e peixe, porém, torna-se bem mais interessante. Tomamos o vinho branco da casa, mas provavelmente teríamos feito melhor em pedir um vinho da lista. A sobremesa foi uma versão muito respeitável do onipresente pudim flã, um creme de caramelo, só que maior e melhor. LEIA MAIS Sobre restaurantes em Lisboa na pág. 6-28 Tradução de Clara Allain Texto Anterior: Brasileiro entra na era do esqui virtual Próximo Texto: Gambrinus é famoso por seus peixes e elegância Índice |
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